Terça, 14 Mai 2024

Comportamento de consumo descontrolado

 

Qual é o motivo que leva ao consumo? A necessidade ou o sonho, a compulsão ou a vaidade. Para cada uma destas motivações o consumo pode ocorrer de forma consciente ou inconsequente. Quando ocorre de forma consciente, pressupõe que passou por um planejamento, sendo avaliado se caberá ou não no orçamento. Nem sempre o que é consumido é necessário, mas passando por este crivo, tende a não impor risco à saúde financeira. Quando a motivação para o consumo é inconsequente, para alcançá-lo são usadas estratégias impulsivas, na maioria das vezes, sem pesquisa, sem análise, sem planejamento, gerando contratação de empréstimo (s), financiamento (s), compras parceladas no cartão de crédito e, no final do mês, estas contas chegam e não cabem no orçamento. Vem a surpresa. Novos empréstimos são contratados para cobrirem os pagamentos anteriores.
 
Fato também observado no comportamento de consumo descontrolado é que no momento em que contratam novo empréstimo para saldarem as dívidas anteriores, ao se depararem com o saldo do empréstimo em suas contas vem a euforia, a ideia de merecimento culminando no gasto do que não lhe pertence, desviando o foco e aumentando ainda mais a bola de neve do endividamento.
 
As pessoas com esse comportamento, e que se colocam em risco de inadimplência ou de falência, apresentam algumas características comuns, como: a impulsividade, com a falta de um olhar no futuro. São pessoas que compram carros, imóveis e outros itens sem verificarem se suas receitas suportarão estas despesas e as que virão a partir delas, que contratam planos de saúde sem verificarem as regras do “pacote” adquirido. São pessoas que diante da oferta insistente de um vendedor cedem com facilidade, que pensam e executam tempestivamente, gerando com isso, alto grau de insatisfação e de frustração com as suas compras.
 
Não raramente, movidos pela frustração com a realidade imposta, se desfazem do carro, do consórcio, do seguro, do “violão”, sempre realizando perdas, como se estivessem se desfazendo de inimigos. Após a compra, esboçam um: - “não era isso que eu queria”, abrindo espaço à frustração e a um novo vazio perigoso.
 
O que fazer para prevenir e tratar este comportamento? Estimular a adoção da razão no consumo, refletindo antes de construir qualquer sonho ou de adquirir algo: - Eu quero ou eu preciso? Eu posso? Dando sempre prioridade ao que precisa e observando se é viável. Aprendendo a planejar, a poupar, a priorizar e a aguardar o melhor momento para realizar.
 
Nesse caminho onde a mudança de comportamento é a direção, muitos desistem antes de começarem. Optam por não tomarem as rédeas de suas dívidas nas mãos, pois assim reconheceriam a urgência destas medidas. Chegam totalmente alheios ao montante real de suas dívidas, pois há muito tempo, não as controlam mais, sendo controlados por elas.
 
Trabalham procurando novas portas abertas para tomarem novos empréstimos e poderem com isso e, “só por hoje”, pagarem outras dívidas.
 
O comportamento de consumo descontrolado gera desajuste financeiro e acarreta estresse emocional desnecessário.
 
Racionalizar é preciso.
 


Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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