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Convidou o cheque especial para almoçar?

Ouvi o relato empolgante de uma amiga leitora sobre as mudanças que vem promovendo em suas finanças pessoais e sobre os resultados positivos conquistados, motivada pela leitura assídua dos artigos desta coluna.
 
No decorrer da conversa ela me contou sobre algumas passagens com o seu pai e a ideia deste artigo surgiu. Contou-me que o seu pai é aposentado, trabalhou muitos anos como bancário e, pelos comentários tecidos, arrisco a considerá-lo como um cidadão educado financeiramente. Uma de suas frases célebres e que percebo estar gravada na “memória RAM” da amiga leitora, é de muita criatividade e complexa interpretação: – “Cuidado com o cheque especial! Ele se senta à mesa com a gente para almoçar e come mais do que todos nós”.
 
Ele coloca o cheque especial como “alguém” que passa a integrar a família. Analisando essa pérola, ouso interpretar esse membro familiar como o mais faminto de todos, que se senta para fazer as refeições com a família, mas que egoisticamente se serve primeiro, come mais do que todos sem se preocupar se sobrará para os demais e sai da mesa sem perceber o que causou.
 
A comparação é bem interessante, porque é assim mesmo que ocorre quando as escolhas são feitas de forma errada, quando há descontrole nas compras ou a partir de imprevistos que culminam no uso do cheque especial. Extrapolam o saldo da conta corrente e passam a utilizar o “prolongamento” imaginário da receita fictícia. Com isso, são incluídos os juros que vão comendo a receita, que geralmente, não cresceu, mas que terá que dispor de uma fatia para custear o pagamento mensal dos juros, durante um bom tempo.
 
Ah, quanto pode ser feito com esses valores destinados ao pagamento de juros!
 
Outro fato que me chamou a atenção no relato me levou a reforçar uma hipótese: a de que há uma “memória financeira positiva”, advinda do exemplo do comportamento financeiro saudável recebido no seio familiar, durante o processo de construção do sujeito.
 
O exemplo desse pai “vingou” por décadas no consciente e inconsciente da leitora ao ponto de, mesmo após “derrapadas”, sob estímulo e motivada a mudar o comportamento de consumo, ela se reportar às lições da infância, em que os valores, as atitudes e posturas saudáveis na relação com o dinheiro foram desenhadas dentro do seu ambiente familiar, pelos exemplos recebidos da infância à juventude.
 
Isso reforça a importância dos pais repassarem aos filhos os ensinamentos sobre educação financeira e de reforçar através do seu próprio comportamento, porque mesmo que não “colham” rápido os frutos, mesmo que tenham que auxiliar nas derrapadas.
 
Há tempo de plantar, outro para se desenvolver e o tempo de colher os bons frutos.
 
Nunca é tarde para mudar o comportamento, principalmente, quando já existem sementes sadias, às vezes, adormecidas, mas que estão lá, prontas para serem germinadas.
 
Não convidem para a mesma mesa o cheque especial e qualquer um de nós!

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Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
Fale com a autora, mande suas dúvidas para [email protected]

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