Se a estratégia do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) era sair com as pesquisas eleitorais debaixo do braço para conquistar apoio das lideranças ao seu projeto de voltar ao Palácio Anchieta, o tiro saiu pela culatra. Embora as pesquisas (Futura e FlexConsult) de intenção de voto para governador do Estado, publicadas dias atrás, coloquem Hartung como favorito, as alegorias proporcionadas por gráficos e números já não têm o mesmo efeito sobre a classe política de outros tempos. A população também já olha para as pesquisas com o dois pés atrás.
Prova de que as pesquisas vêm perdendo credibilidade e já não têm mais aquele “poder de persuasão” de outros tempos, foi o encontro de prefeitos. Nessa quinta-feira (9), Gilson Daniel, o mandatário de Viana, conseguiu reunir 55 dos 78 prefeitos capixabas num restaurante da cidade. Mesmo com as pesquisas ainda quentinhas colocando o ex-governador em vantagem sobre o governador Renato Casagrande, a prefeitada não titubeou na hora de manifestar apoio à reeleição do socialista.
A imprensa simpática à candidatura de Paulo Hartung, que vinha tratando os resultados das pesquisas como uma reviravolta no cenário político, tentou minar a importância do encontro de Viana, que foi articulado propositalmente na surdina para não ser esvaziado pelas forças do ex-governador, como ocorreu na primeira tentativa de articulação do prefeito Gilson Daniel.
A estratégia da imprensa foi adotar a lógica do “parece, mas não é”. Os números não representam a realidade, ou seja, parte dos prefeitos só compareceu ao almoço porque o convite foi compulsório. Com os cofres vazios, diriam os jornais, eles temiam sofrer represália, que viria em forma de cortes dos repasses.
No delírio de minar o peso do encontro, teve jornal que tentou até criminalizar o anfitrião do almoço. Desenterraram que o prefeito-cicerone era o mesmo que teve a diplomação suspensa, suspeito de ter recebido doação para sua campanha de um “amigo” traficante. Esse episódio já foi superado. Gilson Daniel foi inocentado pela Justiça Eleitoral e normalmente empossado há quase um ano e meio.
Soa estranho ressuscitar um caso anacrônico ao atual contexto. O que deveria ser destacado do encontro é que Gilson Daniel, chefe do Executivo do município mais acanhado da Grande Vitória, desempenhou um trabalho de articulação de gente grande. A verdade é que seu poder de mobilização incomodou muita gente que o substimou.
A adesão maciça ao encontro pró-Casagrande deixa uma lição para o grupo de Hartung. Gráficos coloridos e números retumbantes estampados nas primeiras páginas dos jornais já não são eficazes para amendrotar a classe política.