O primeiro de maio há muito tempo deixou de se identificar com o Dia do Trabalhador. A data serve para relembrar o 1º de maio de 1886, quando uma marcha de trabalhadores de Chicago pela redução da jornada de trabalho deu início a uma greve geral nos Estados Unidos. Mas hoje a situação é bem diferente.
No último fim de semana, a ArcellorMital ofereceu a seus funcionários, exceto os terceirizados, claro, uma festa no clube dos trabalhadores, que ela alega ser subsidiária, embora desconte na folha de pagamento. Uma festa comemorativa ao trabalho. E o Sindicato dos Metalúrgicos aceita, permite e participa.
Mostra o enfraquecimento da entidade diante das profundas mudanças na empresa. A categoria, que já foi forte no Estado, na década de 1980, hoje não tem força para pressionar a empresa. Então, em vez de usar o dia para cobrar a valorização dos profissionais da área e melhorias das condições de trabalho, deixa tudo pra outra hora. É dia de festa.
Essa não é uma realidade apenas no Sindicato dos Metalúrgicos. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Estado convoca em seu site os trabalhadores para uma mobilização nesta quinta-feira (1). A concentração será na Praça dos Namorados e conta com uma caminhada até a Praia de Camburi. E por que não o Palácio Anchieta, símbolo do governo do Estado?
Na praia haverá um show musical e uma feira com a produção dos trabalhadores do Estado. A CUT não será a única, as demais centrais também colocam suas programações festivas para a data. Será uma festa. Mais uma vez, a pauta de reivindicação da classe trabalhadora vai ser apenas um detalhe esquecido em meio às festividades do Dia Trabalho e não do Trabalhador.
Essa visão distorcida da luta de classe só será diferente com uma mudança de postura dos atores políticos. É preciso que o movimento sindical busque o fortalecimento da ação política. É preciso investir na formação das lideranças e buscar mudanças no sistema político, para que sejam eleitas lideranças realmente comprometidas com a sociedade.
Isso só será possível com uma reforma política de verdade, que coloque em discussão o financiamento público de campanha, tirando o poder do capital nas eleições.
O dia é de luta, e não de festa.