Eleições 2024: IA no comando?
Nas eleições municipais de 2024, um elemento controverso e intrigante promete tomar o centro do palco: a Inteligência Artificial (IA). O uso crescente dessa tecnologia na política brasileira tem gerado debates fervorosos sobre sua influência, seu impacto e, sobretudo, sua ética. À medida que nos aproximamos do pleito, é fundamental entender como a IA está moldando o cenário eleitoral e o que isso significa para nossa democracia.
Um dos aspectos mais polêmicos é o direcionamento de anúncios. Com a IA, os candidatos podem segmentar com precisão seus eleitores, entregando mensagens personalizadas com base em dados coletados. Isso levanta questões sobre privacidade e manipulação, pois o uso da IA pode criar bolhas de opinião, onde os eleitores são expostos apenas a informações que confirmam suas crenças, criando uma polarização prejudicial à democracia.
Nos Estados Unidos, a IA já desempenhou um papel significativo nas eleições presidenciais de 2020. Segundo relatórios, o uso de IA permitiu que campanhas políticas microgerenciassem anúncios e mensagens para eleitores específicos e a falta de regulamentação e transparência gerou críticas. Dessa forma, a IA nas eleições americanas significou uma faca de dois gumes, mobilizando eleitores, mas também disseminando desinformação.
Big Techs
A OpenAI, ciente dos possíveis problemas, decidiu adicionar em seus termos de uso uma restrição quanto à aplicação do ChatGPT em campanhas políticas ou de lobby em larga escala. Além disso, também está proibida a geração de conteúdo personalizado para grupos ou classes específicas, bem como sua incorporação em produtos voltados para o marketing político. Essas medidas visam evitar possíveis abusos e garantir um uso responsável da tecnologia.
No início deste mês, o Google anunciou que todo e qualquer vídeo, imagem ou áudio gerado por IA, para utilização em campanhas políticas, deve ser indicado. Assim, todos os anúncios que forem gerados com auxílio da Inteligência Artificial terão rótulos, como: "Esta imagem não retrata eventos reais", "Este vídeo foi gerado sinteticamente" e "Este áudio foi gerado por computador".
Essa é uma maneira de combater notícias falsas, melhorar a segurança na internet e aumentar a confiança dos usuários em um momento político eleitoral, afinal, a IA generativa está facilitando e tornando cada vez mais realista a disseminação de notícias falsas.
Para avaliar o impacto da IA nas eleições municipais de 2024, é importante observar os números. De acordo com um levantamento recente, candidatos que utilizam IA em suas campanhas têm uma taxa de conversão 20% maior em comparação com aqueles que não a utilizam. Isso significa que a IA desempenha um papel cada vez mais decisivo na conquista de votos.
Previsão eleitoral
A IA também é usada para prever resultados eleitorais, antecipando assim, o xeque-mate do xadrez político, com surpreendente precisão de até 72%. Isso demonstra comoestá se tornando uma ferramenta indispensável para estrategistas políticos.
As perguntas que persistem são: até que ponto a IA deve influenciar a vontade dos eleitores? À medida que se torna mais fácil manipular a mídia, também se tornará mais fácil negar a realidade?
O Brasil enfrenta o desafio de encontrar um equilíbrio entre a eficiência da IA e a integridade do processo eleitoral. Em um mundo cada vez mais digital, não podemos ignorar o potencial da IA, mas também não podemos permitir que ela decida as eleições por nós. As eleições de 2024 serão um teste crítico para a democracia brasileira, e a IA será uma peça central deste quebra-cabeça eleitoral.
Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
Instagram: @flaviaconteudo
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