Sábado, 18 Mai 2024

Medo do povo

 

O Espírito Santo é um estado peculiar mesmo quando o assunto é democracia. Aqui oposição é tratada como crime organizado, unanimidade é tratada como harmonia e crítica é coisa de quem torce para que a coisa dê errado. A classe política se sente acima do bem e do mal e não deve ser criticada. 
 
Mas não é assim. Se os políticos de hoje se acham melhores do que os do passado, basta uma rápida olhada na lista de ações na Justiça, que boa parte responde. É verdade que quando o assunto é improbidade, a coluna sempre tem uma certa cautela, já que esse tipo de ação nem sempre acontece por má-fé do gestor. 
 
Sem entrar no mérito das acusações da candidata a conselheira do Tribunal de Contas Marilene Ferreira na sabatina da última quarta-feira (18), que causou uma reação naquele momento e começa a ecoar em outras casas legislativas, o episódio serviu para mostrar qual o tratamento dado pelos legisladores diante do enfrentamento à críticas. 
 
Tirando as acusações a dois deputados, o restante do discurso mostrou o grau de indignação da população com a falta de comprometimento da classe política. É claro, ela exagerou ao generalizar a coisa, mas o recado foi dado. E como reagiram os deputados? Mostraram destempero, mágoa com a situação. Mas se estão em um Parlamento, deveriam entender que o embate é válido. 
 
A impressão que se tem é de que enquanto a indignação fica restrita às rodinhas de amigos em praças e ruas, fica tudo bem. Tudo se resolve pela obrigação do voto e as estratégias de campanha. O problema é que a crítica está se qualificando, buscando voz nas brechas conseguidas quase a fórceps e dentro do próprio ambiente de discussão da classe política. Dentro da casa do povo, nas audiências públicas e aí não dá para fazer de conta que não está ouvindo.

 
Na era da interatividade, não adianta mais achar que o discurso unilateral é suficiente para a manutenção do poder. Há uma cobrança mais incisiva e constante que mais cedo ou mais tarde vai se transformar em uma peneira na qual só ficarão aqueles que aprenderem que critica serve para reflexão. Deve ser ouvida e internalizada. Reprimir com a proibição da fala remete a um tempo nefasto que não cabe mais no estado democrático de direito.
 
Fragmentos:
 
1 – A impressão do mercado político é de que há uma investida na candidatura de João Coser a presidente do PT. Se ele é favorito para  quê tanto cuidado?
 
2 – Faltam 15 dias para o fim do prazo de filiações partidárias para aqueles que pretendem disputar as eleições do próximo ano. Sem a Rede a coisa vai ficar mais apertada.
 
3 – Quem quiser escapar da temida infidelidade partidária, o caminho é o Solidariedade, uma espécie de PDT II, que tem como estrela máxima o controverso Paulinho da Força. 

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