De repente, tenho que escrever e remeter a coluna, ou o mundo sairá dos eixos. A semana foi uma correria, fim de semestre, fim do ano escolar, mil coisas a fazer e resolver antes das férias em maio. Mas quem, nos dias de hoje, não está na correria, sem tempo pra nada, atrasado com o projeto, atrasada para a reunião, atrasadíssima com o pagamento… essas coisas da vida moderna. Tempo disponível entre um compromisso e o próximo: uma hora!
Criaram a rapidez dos transportes e das comunicações, mas o dia continua com as mesmas 24 horas que Deus lhe deu. E nós continuamos com as mesmas duas pernas que Deus deu ao Adão. Ou à Eva. Então vamos correr contra o relógio. Na pista da maratona encontro Maria chorando porque o amor acabou. Tento consolá-la, embora as dores de amor só se curem com outro amor. “Não chore porque acabou, sorria porque aconteceu”. Quem disse isso foi o Dr. Seuss, que quanto mais leio, mais admiro. E ele nem falava de amor.
Maria responde que o verdadeiro amor é insubstituível, portanto infinito. Não tenho certeza disto, porque no amor como na vida, tudo é relativo, e infinito é só o valor do zero. Mas outros discordam: “Apenas duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana; e não tenho certeza sobre o universo”. Quem disse isso foi ninguém menos que Albert Einstein, portanto podemos ter certeza de que ele estava falando de nós.
Apesar da dor que todo fim de amor acarreta, Maria se manda, porque está com pressa – Tem que cancelar o livro que encomendou no Amazon para ele. Digo que também tenho pressa em escrever a coluna de hoje, mas talvez ela deva comprar o livro e lê-lo ela mesma. A leitura talvez ajude… Ela suspira e resmunga, “Tantos livros, tão pouco tempo…” Quem assim falou foi Frank Zappa, que nem era escritor, mas um músico americano nascido em 1940. Portanto, a epidemia da falta de tempo já grassava naqueles idos.
Mas a pressa muitas vezes é vantajosa. Em 1863, ano em que nasceu Robert Frost, poeta americano, ainda não tinham criado o Twiter. Mesmo assim ele conseguiu resumir em poucas palavras a infinita rapidez da vida: “Em três palavras posso definir tudo que aprendi sobre a vida: ela continua”. Ao que Mae West teria respondido, se tivessem se encontrado, “Vivemos apenas uma vez, mas se você fizer as coisas direito, uma vez é bastante”.
Como o coelho apressado no país das maravilhas, estamos sempre correndo com o relógio nas mãos, mesmo que imaginário. Ou melhor, no pulso. Como disse Lewis Carroll, o autor de Alice, “Quanto mais depressa eu vou, mais atrasado eu fico”. E o chinês Lao Tzu nos ensina a parar um pouco e olhar em volta, “ A natureza não tem pressa, e no entanto tudo se realiza”. Na eterna corrida humana contra o tempo estamos sempre perdendo, por mais caro que seja o relógio. Tempo esgotado: 59 minutos! Bati meu recorde!