Faltam ainda cinco meses para a eleição e menos de três meses para o início das campanhas eleitorais, mas as batalhas pelo governo do Estado já tiveram início nos bastidores. Com uma campanha que, até aqui, se desenha como polarizada entre o governador Renato Casagrande e o ex-governador Paulo Hartung (PMDB), um jogo de xadrez está em curso, e que cada um dos jogadores move suas peças iniciais com muita cautela.
Pelo lado de Hartung, houve um movimento que em outros processos eleitorais participou direta ou indiretamente e se mostrou muito eficaz: as pesquisas eleitorais. A jogada de fortalecer Hartung com pesquisas isoladas na Grande Vitória, esperando contaminar o interior com um cenário artificial de favoritismo do ex-governador, não convenceu a classe política.
O ex-governador apareceu na frente com leve vantagem, mas não teve como desidratar a aprovação do governador Renato Casagrande – aliás, tem gente que acha que é mais do que os 60% apontados pelo Futura –, uma marca difícil de se desconstruir. Os números podem até influenciar no voto, mas isso só funcionará mais próximo das eleições. Com quase metade do eleitorado indeciso, é muito difícil fazer com que uma pesquisa com uma distância tão grande do pleito tenha um efeito que sobreviva durante a campanha.
Mas se o objetivo foi tirar as forças aliadas do palanque de Casagrande, a resposta veio logo em seguida, mostrando que o governador não vai esperar o início da campanha para reagir aos movimentos de seu adversário. O apoio de 70% dos prefeitos à reeleição do socialista foi uma demonstração de força, com certeza, que certamente fez balançar os aliados de Hartung. Mas esse jogo não acaba assim.
Pelos movimentos iniciais dos dois atores políticos, aumenta a expectativa de uma eleição dura, com ataques e contra-ataques. Em uma disputa polarizada, a tendência é sempre essa. Isso é bom para a democracia, afinal, no embate – esperamos todos que seja sempre no campo das ideias, respeitando o fair play – o eleitor poderá se posicionar melhor.
Atentando para o número de indecisos, a coluna questiona se esse embate entre dois nomes já conhecidos do cenário político atende à demanda da sociedade por uma mudança necessária no jogo político. Mesmo com todas as manifestações, com todos os questionamentos da sociedade que mobilizaram milhares de pessoas em 2013, o processo eleitoral se apresenta com os mesmos moldes do anterior, com uma disputa entre dois operadores do mesmo projeto político.
Teremos disputa eleitoral dura, mas as novidades e a disposição para uma mudança de comportamento político ficarão para outra oportunidade.