Há três semanas, reportagem de Século Diário mostrou que a ex-primeira-dama Cristina Gomes gastou 83,7 mil em passagens aéreas e diárias em hotéis de luxo, entre os anos de 2007 e 2010. Tudo pago com dinheiro público. Os gastos se referem apenas às viagens que Cristina fez desacompanhada do marido Paulo Hartung.
No dia seguinte à publicação da reportagem, que foi replicada na coluna do jornalista Cláudio Humberto — veiculada simultaneamente em diversos jornais do País —, o candidato ao governo pelo PMDB falaria sobre o caso pela primeira, e última, durante entrevista à Rádio CBN-Vitória.
Sem ter como ignorar a repercussão da reportagem e a pressão dos ouvintes, a jornalista da CBN foi obrigada a incluir a pergunta sobre as viagens da ex-primeira-dama na sabatina. Visivelmente irritado com a pergunta, o candidato tratou a questão com empáfia. Procurou convencer o ouvinte de que a prática de levar a mulher a tiracolo nas viagens ao exterior não tinha nada de ilegal.
Para tentar tirar o foco da polêmica, ele exaltou que estava prospectando negócios para o Estado nessas viagens, induzindo o ouvinte a concluir que os gastos com passagens eram irrisórios se comparados aos investimentos captados para o Estado. E ficou por isso mesmo.
Hartung tergiversou e acabou não explicando por que Crsitina Gomes gastou mais de R$ 83 mil com viagens para o Rio de Janeiro e para São Paulo. Todas desacompanhadas. A então primeira-dama estaria em missão oficial nas 37 vezes que viajou sozinha?
A reportagem publicada nesta quinta (4) traz a memória de viagens entre os anos 2005 e 2006 – os dois últimos anos do primeiro mandato de Paulo Hartung.
Neste período, embora de forma bem mais tímida, Cristina Gomes já voava para o Rio e para São Paulo. Ela viajou 14 vezes para as duas cidades sem a companhia do marido. Outras nove vezes ela esteve nos mesmos destinos, mas com Hartung.
Os eleitores têm direito de saber por que a ex-primeira-dama viajou 51 vezes, entre 2005 e 2010, para o Rio e para São Paulo desacompanhada do marido. O candidato Paulo Hartung, por sua vez, tem obrigação de esclarecer por que usou o dinheiro do contribuinte para financiar a ponte aérea da mulher.
Em tempo de eleição, as explicações não são facultativas. O ex-governador tem de provar que Cristina não estava fazendo turismo com dinheiro público.