sexta-feira, julho 11, 2025
18.9 C
Vitória
sexta-feira, julho 11, 2025
sexta-feira, julho 11, 2025

Leia Também:

Ponte para as urnas

A decisão da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa de cancelar a audiência pública com representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da Rodosol irritou o presidente da Casa, Theodorico Ferraço. O deputado do DEM avisou que vai consultar a Procuradoria para saber quais medidas podem ser impostas aos “deselegantes” convidados que deram o “bolo” nos deputados.
 
O presidente do TCE, Domingos Augusto Taufner, alegou que a participação de conselheiros e auditores seria inoportuna neste momento, uma vez que eles poderiam ser impedidos de participação no julgamento da auditoria, que ainda está em fase inicial.
 
Já os representantes da concessionária justificaram que estão trabalhando duro no documento de defesa da Rodosol — a empresa tem 30 dias para rebater o relatório dos conselheiros do TCE. O relatório preliminar de auditoria indicou a existência de lucro abusivo de R$ 798 milhões a favor da concessionária. 
 
Fazendo coro a Ferraço, os deputados Euclério Sampaio (PDT) e Paulo Roberto (PMDB) também cuspiram marimbondos quando souberam do cancelamento da audiência. O pedetista avisou que vai pôr o Projeto de Decreto Legislativo (PDL 008/2014), de sua autoria, para votação em regime de urgência. O PDL proíbe a cobrança de pedágio na Terceira Ponte e também na Rodovia do Sol (ES-060), no trecho entre Vila Velha e Guarapari. 
 
Ferraço milita pelo projeto da Mesa Diretora, que também defende a tarifa zero na ponte. A proposta ainda condiciona a taxação de qualquer tarifa de pedágio na ponte ao Legislativo. 
 
Justificativas para escapar do convite à parte, o fato é que os representantes do TCE e da Rodosol não queriam servir de trampolim para os deputados, que lutam ferozmente pela paternidade do fim do pedágio. A demanda que veio das ruas é um passaporte e tanto em ano eleitoral.
 
Com a audiência, Ferraço, Euclério e companhia queriam armar um circo para mostrar à população, diante das câmeras de TV, quem são os verdadeiros defensores dos interesses do povo e procuradores das manifestações de rua. O problema é que Casagrande saiu na frente dos deputados ao anunciar a suspensão da tarifa do pedágio. Assim que tomou conhecimento da retumbante cifra revelada pelo relatório do TCE, o governador se apressou e suspendeu unilateralmente a cobrança, tirando o doce da boca dos deputados.
 
É curioso como em ano eleitoral as pessoas se transformam. Durante os protestos de junho de 2013, ou seja, há menos de um ano, o fim da cobrança do pedágio virou símbolo dos protestos de rua e uma tremenda dor de cabeça para o governo. De cada dez manifestações, onze terminavam nas cancelas de pedágio da Terceira Ponte. Quantas vezes os manifestantes liberaram as cancelas para alegria dos motoristas e decretaram, mesmo que por algumas horas, o fim da cobrança do pedágio. 
 
Curioso é que agora as autoridades chegaram à conclusão que os manifestantes estavam certos. Mas o reconhecimento pela paternidade da tarifa zero não é de Casagrande, Euclério ou Ferraço. É dos manifestantes que tomaram saraivadas de tiros de balas de borracha da polícia e engoliram muito gás lacrimogêneo para defender a ideia de que a cobrança era abusiva. O resto é oportunismo.

Mais Lidas