Domingo, 05 Mai 2024

Queda de braço

A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), depois de muito zombar da cara dos capixabas, finalmente se veem diante de um adversário poderoso, a sociedade civil organizada, unida, e ávida por explicações. O recém-criado grupo SOS Espírito Santo Ambiental, que chega disposto a colocar às claras o sistema obscuro que envolve as poluidoras do Estado, tem tudo para sacudir a classe política e o governo. E não falta gente na torcida. 

 
Formado até então por nove entidades, entre elas a mais antiga do Estado, Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), o grupo tem experiência de sobra para incomodar, e principalmente cobrar explicações dos órgãos (ir) responsáveis. Também sabem essas entidades que enfrentarão um adversário igualmente poderoso, mas sobram elementos, provas e denúncias capazes de fazer muito barulho ou, no mínimo, levantar suspeições pra lá de contundentes. 
 
O primeiro passo, exigir providências da Assembleia Legislativa frente às instituições estaduais de meio ambiente, avança de uma só vez em cima de duas pernas importantes que sustentam esse sistema. Exatamente os deputados estaduais e o Iema, que libera licenças em tempo recorde, não fiscaliza, engaveta multas e faz mil afagos às empresas preferidas do Estado – Vale, ArcelorMittal, Aracruz Celulose e Samarco no topo da lista, sem contar as “novatas”.
 
Nada melhor que no embasamento desses documentos estivesse, portanto, uma pesquisa realizada pelos próprios servidores do órgão, comprovando por “a + b” que a direção do Iema atua o tempo todo no sentido de favorecer os chamados “grandes projetos”. 
 
Na frente do SOS Ambiental, na Assembleia, está o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Gildevan Fernandes, que apesar de ser do PV, não tem nada a ver com a área. Antes dele, ocupava a função Sandro Locutor, do mesmo PV, que não realizou sequer uma audiência pública na Casa para debater temas relevantes. E olha que não falta assunto polêmico. No final das contas, Locutor só jogou para plateia e saiu pior do que entrou. 
 
Outro que foi cobrado, Hércules Silveira (PMDB), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, será pela primeira vez testado em relação às poluidoras do Estado. Mas também não tem perfil de peitar ninguém. 
 
Caberá a Gildevan e a Hércules a necessária tarefa de convocar a secretária de Estado de Meio Ambiente, Patrícia Salomão, para prestar os devidos esclarecimentos sobre a pasta ambiental do Estado, historicamente manchada por episódios absurdos e lamentáveis. Seria uma ótima oportunidade para a secretária se mostrar aos capixabas, pois desde que assumiu, é uma verdadeira incógnita - não deveria. 
 
Se não for para ter um vencedor nessa queda de braço, que pelo menos sirva para abrir os olhos da população e chamar os envolvidos à responsabilidade. Já será um avanço e tanto.





Manaira Medeiros é especialista em Educação e Gestão Ambiental

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