Análise: Depois de Maio
Em uma época onde a revolução ganha as ruas, o cinema mostra seu lado participativo, convidando a pensar as melhores formas. Claro que dentro da sala do cinema é muito fácil propor a revolução. O mesmo ocorre com a juventude conectada diariamente ao Facebook, onde ao simples clicar em curtir já se é ativista político “podendo” derrubar todo o sistema.
Em Depois de Maio, o ideal e a força juvenil são os mesmos, todo o poder para mudar o mundo. As armas entretanto são propícias à época, e o enfrentamento, certeiro.
Gilles (Clément Métayer) é um jovem inconformado com o sistema e cheio de vontade de mudá-lo. Com seus amigos, vive o final da revolução estudantil de 68, e vivendo o dia-a-dia, percebe a evolução pessoal de cada um, suas crenças e gostos levando, cada um a um caminho diferente do outro, separando em pequenas questões ideológicas.
O filme persegue um fio condutor distinto da cultura da época, basta lembrar as produções francesas contraculturais que discutiam a eficiência da estética. Um personagem levanta um ponto interessante à concepção do filme: se a proposta é revolucionária, por que a linguagem é tradicional, burguesa?
Se naquele tempo o mais interessante era ensinar o proletariado didaticamente, agora que a ideologia se apagou e a estética burguesa ganhou a batalha, o que sobra para discutir?
A fotografia abusa de filtros e recria uma aura da época, com tons mais azulados que se apoiam na realista direção de arte e na música psicodélica pra colocar o espectador no final, ainda que meio sacudido, da revolução.
Cria-se se uma empatia com a confusão dos protagonistas, todos prestes a criar um mundo novo. E vividos por um elenco em sua maioria juvenil, são a nova revelação francesa, já despontando em várias produções recentes.
Serviço
Depois de Maio (Après mai, França, 2012, 122 minutos, 16 anos)
Cine Jardins - Shopping Jardins: Sala 1. 16h55.
Veja mais notícias sobre Cultura.
Comentários: