Quarta, 08 Mai 2024

Dentista move processo por assédio contra secretário de Saúde de Itapemirim

Suziane Sangali se manteve calada até esta quarta-feira (17) sobre o assédio que diz ter sofrido no exercício do trabalho. No entanto, notícias desencontradas publicadas na imprensa desde a última semana levaram a dentista a se manifestar. Suziane, que atua no Hospital Evangélico, filantrópico em Itapemirim, no sul do Estado, conhecido como Hospital Menino Jesus, acusa o secretário de Saúde do município, Alex Wingler Lucas, de assédio. 
 
Não foi fácil para ela contar a história sobre o que aconteceu em 1 de julho deste ano. Suziane relata que, na ocasião, havia rumores no hospital, em que presta atendimento duas vezes por semana, que "uma dentista" seria demitida. Na ocasião, a prefeitura estava em processo para assumir a unidade hospitalar.
 
 Na manhã deste dia, conta, recebeu uma mensagem do secretário perguntando se ela já havia sido demitida. Como estava no meio de um atendimento, concluiu e logo depois recebeu a carta de demissão. Abalada, ela foi ao gabinete do prefeito Luciano de Paiva esclarecer a situação, acompanhada de uma paciente que se prontificou a pedir que ela permanecesse na unidade, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
Suziane salienta que, ao chegar ao gabinete, foi informada pelo chefe do Executivo municipal que a demissão havia sido pedida pelo secretário. Wingler teria alegado que a dentista não cumpria os horários e costumava faltar ao trabalho. Ela negou. “Comprovei com o registro de ponto eletrônico que não faltava e pelos prontuários que cumpria minhas obrigações”, sustenta Suziane.
 
A dentista acrescenta que, enquanto conversava com o prefeito, ele recebeu três ligações do secretário. Ela foi mantida no cargo pelo prefeito depois de comprovar que as informações dadas pelo secretário não correspodiam à verdade.
 
Depois de deixar o gabinete do prefeito, ela conta que retornou para Guarapari, onde reside, e, ainda na noite do dia 1 de julho passou a receber mensagens com conteúdo obsceno provenicnetes do telefone do secretário. 
 
Suziane relata que, após a primeira mensagem, recebida por volta das 18 horas do dia 1 de julho, uma série de mensagens obscenas e constrangedoras foram enviadas para o telefone dela.  Elas relacionariam a permanência dela no hospital em troca de favores sexuais. Ela conta que ainda recebeu ligações do secretário na mesma noite, e gravou as conversas, assim como as mensagens recebidas. 
 
No dia seguinte às mensagens e às ligações telefônicas, Suziane registrou boletim de ocorrência (BO) na Delegacia de Guarapari relatando todo o ocorrido. Ela foi orientada a registrar o boletim também em Itapemirim, o que foi feito. 
 
Suziane conta que depois do registro da ocorrência passou a ser pressionada por servidores de diversos setores do executivo a anular a ocorrência, mas se recusou a fazê-lo. “Nesse intervalo meu emocional ficou abalado, me senti triste e envergonhada, passei a tomar remédios antidepressivos”, diz ela, salientando que nunca teve envolvimento afetivo com o secretário. Ela afirma que se relacionava com Wingler apenas profissionalmente. 
 
A dentista também ressalta que se manteve calada até este momento para se preservar, mas, como o próprio secretário revelou à imprensa que responde a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) movido por uma funcionária, resolveu se manifestar. Além disso, ela salienta, que outros funcionários e médicos também tentaram coagi-la a retirar o boletim, ou seja, também já sabiam do caso e tentavam abafar o escândalo.
 
O boletim de ocorrência gerou três processos, sendo um na Justiça do Trabalho, um criminal, ambos correm em sigilo; além de um Procedimento Administrativo Disciplinare (PAD) na Prefeitura de Itapemirim, que teria 60 dias para ser concluído, mas ainda não teve a oitiva do secretário.
 
O depoimento de Wingler foi adiado três vezes, sendo que em uma delas foi apresentado o atestado fornecido por um médico que enviou o documento por e-mail. 
 
Procurado pela reportagem, o secretario de Saúde de Itapemirim, Alex Wingler, não quis dar declarações sobre o caso. Ele alegou que os processos correm em segredo de Justiça e, portanto, preferia não se pronunciar. 

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