Sábado, 27 Abril 2024

Mãe consegue na Justiça receber fórmula nutricional para filhos autistas

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Arquivo pessoal
Foi por meio de uma ação na Justiça, impetrada pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), que duas crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seletividade alimentar severa conseguiram o acesso gratuito à fórmula nutricional disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

A dispensação foi feita pela Farmácia Cidadã nessa segunda-feira (19), após seis meses de uma longa e dolorosa espera, conta a mãe das crianças, Irani Rodrigues do Nascimento, moradoras do bairro Estrelinha, em Vitória. "Graças a Deus. Eu só tinha mais um resto de uma lata que eu ganhei e não tenho condições de comprar", relata.

Na véspera da autorização para entrega do suplemento, Irani conta que tinha pronto um texto para postar nas suas redes sociais e nas do Coletivo Mães Eficientes Somos Nós (MESN), do qual faz parte, na busca pelos direitos das crianças e adolescentes com deficiência. "Eu já não sabia mais o que fazer", enfatiza.

No relato, compartilhado com Século Diário, ela explica que a recomendação de uso da fórmula foi feita pela primeira vez em 2019 pela médica gastroenterologista que atendeu ao caçula, de seis anos. O laudo foi entregue na Farmácia Cidadã, mas o pedido foi negado e ela contou com ajuda de amigos para receber doações do produto.

Em março deste ano, a filha de nove anos também apresentou a seletividade alimentar com a mesma gravidade e a orientação se repetiu, desta vez, por uma nutricionista. "A nutricionista passou uma fórmula chamada P1, pois crianças com seletividade não comem não é por frescura, e sim porque não conseguem".

De posse do laudo, ela conta que novamente deu entrada na Farmácia Cidadã de Vitória. A previsão de resposta era 45 dias, "porém só tive retorno em junho, dia 22". Nesse período, ela diz que relatou seu drama numa das reuniões realizadas pelo Coletivo junto com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) – resultantes do acampamento realizado pelas Mães Eficientes no Palácio Anchieta em fevereiro – e foi orientada a buscar o laudo de uma nutróloga.

"Fui na consulta e levei tudo que tinha sido solicitado e ela indicou a mesma fórmula que a nutricionista havia pedido. Voltei à Farmácia Cidadã de Vitória, entreguei os documentos, porém me ligaram avisando que tinha sido indeferido novamente".

No relato, ela ressalta que "seletividade é coisa séria" e que "o suplemento não foi e nem será minha primeira opção", contrapondo assim uma visão comum na sociedade e mesmo entre nutricionistas, lamenta, pois são poucos os profissionais com especialização em autismo.

Felizmente, com a conquista da autorização, Irani conta que seguirá com as terapias que os filhos fazem e que, aos poucos, têm mostrado avanços, a ponto dela já vislumbrar, num futuro próximo, a volta de uma alimentação natural e saudável, que eles tinham antes do agravamento do quadro do TEA.

Sobre o pedido feito pelo Coletivo, para que seja feita uma atualização da normativa que regula as regras para aprovar a dispensação da fórmula infantil – a Portaria Nº 098-R 13/05/2021 –, de forma a incluir a seletividade alimentar severa como um dos critérios de aceite, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, em nota, que a mudança não foi feita e que o atendimento à família de Irani "ocorreu de forma excepcional, via demanda judicial".

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