Sexta, 17 Mai 2024

Aracruz Celulose volta a anunciar planos para a quarta fábrica

Aracruz Celulose volta a anunciar planos para a quarta fábrica
O presidente da Aracruz Celulose (Fibria), Marcelo Castelli, voltou a anunciar na mídia corporativa a pretensão de ampliar os plantios de eucalipto para planejar sua quarta fábrica, a linha D, a partir de 2020. Como afirma Castelli em entrevista ao jornal A Tribuna, a empresa tem discutido com o governo do Estado formas de fomentar a exploração da terra com seus monocultivos. Ele também informou que a capacidade produtiva da nova fábrica será de um milhão de toneladas de celulose e, para isso, seriam necessários 100 mil hectares de plantios de eucalipto, além dos limites do Estado.
 
O eucalipto é a prioridade dos monocultivos intensivos implantados sob o regime do agronegócio no Estado, como afirma Valmir Noventa, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Por isso, o anúncio da nova linha de produção não surpreende as lideranças do movimento. ???A pretensão de 100 mil hectares é muito grande para um Estado que tem bastante demanda de reforma agrária???, enfatiza. 
 
De acordo com Valmir, atualmente, em todo o Espírito Santo, 700 famílias estão acampadas pelo menos há mais de três anos esperando soluções do governo para que sejam assentadas. Os novos investimentos do governo em linhas de produção da Aracruz, como aponta, contribuem para que instituições bancárias ofereçam empréstimos para que fazendas antes abandonadas se transformem em monocultivos, dando condições para que haja matéria-prima para exportação, mas impedindo que as fazendas antes improdutivas sejam destinadas à reforma agrária. Como ressaltou Valmir, a questão é essencialmente política e há uma investida sobre as comunidades camponesas. 
 
Ele lembra que 2014 foi eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Ano Internacional da Agricultura Familiar, o que significa que os investimentos e incentivos dos governos estadual e federal deveriam minimamente se voltar para a produção de alimentos, que é a atividade principal da agricultura familiar, ao contrário do agronegócio, que tem como foco o lucro e o mercado de exportação. De acordo com a liderança, a agricultura familiar aparece somente como meio propagandista nas gestões governamentais, sem que qualquer ação nesse sentido seja efetiva.
 
O camponês lembra, ainda, que os monocultivos em solo capixaba, sobretudo do eucalipto, que ocupam grandes áreas e fazem uso intensivo de agrotóxicos, são os grandes responsáveis pela queda da fertilidade do solo, pela escassez de água, por problemas na manutenção da fauna e da flora, por usurpar territórios de comunidades tradicionais, a exemplo dos quilombolas e indígenas no norte do Estado,  e também pelo aumento da violência nos centros urbanos.



Segundo Valmir, a falta de reforma agrária no campo faz com que as famílias busquem nas cidades as oportunidades de trabalho prometidas. Entretanto, nos centros urbanos as ofertas de emprego nem sempre atendem a todos que buscam por uma oportunidade, o que transforma regiões como o centro das cidades de Pedro Canário, São Mateus e Montanha em grandes bolsões de pobreza e, também, em áreas vulneráveis à criminalidade.

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