Quarta, 01 Mai 2024

ES: redução do desmatamento registrado em Atlas da Mata Atlântica não é indicativo positivo

ES: redução do desmatamento registrado em Atlas da Mata Atlântica não é indicativo positivo
O Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica 2012-2013, divulgado nesta terça-feira (27), apontou como "destaques positivos" os resultados dos estados do Espírito Santo, São Paulo, Alagoas e Rio de Janeiro que, pela avaliação das imagens de satélite durante o período, tiveram redução no desmatamento dentro de seus territórios. No Estado, a redução foi de 43%, resultado da diferença entre a extensão de terras desmatadas entre os anos de 2011-2012 (25 hectares) e 2012-2013 (14 hectares). Entretanto, hoje, há apenas 10,5% da área total do bioma no Estado, o que impossibilita realizar desmates de grandes proporções.
 
Nos últimos levantamentos, publicanos anualmente, há diferença nas áreas de desmatamento identificadas no Espírito Santo. Em 2013, 88% da área do Estado foi avaliada. No ano anterior, porém, apenas 45% da área total do Estado, menos da metade, esteve passível de avaliação a partir das imagens de satélites em 2012 - muitas das fotografias sofrem interferências de nuvens.



Segundo Márcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, mesmo que as áreas passíveis de análise tenham essa discrepância em sua extensão total, o diagnóstico é seguro, porque as áreas que não puderam ser analisadas são comparadas àquelas que puderam ser identificadas em outras avaliações de anos anteriores. Em 2011, 62% da área do Estado pôde ser analisada.
 
Márcia ainda destacou que acontece no Espírito Santo o mesmo fenômeno que acomete os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, chamado de Efeito Formiga. Nesses estados, se torna cada vez mais difícil realizar desmate de grandes extensões de terra, o que dá a falsa impressão de que o Estado está próximo da marca de desmatamento zero. Entretanto, ao invés disso, o Efeito Formiga indica que extensões de terra menores que três hectares são desmatadas, mas por não serem detectadas pelo satélite, apenas podem ser observadas quando atingem uma extensão igual ou superior. Ou seja: desmatamentos que acometem áreas menores são detectados somente anos depois.



Para a diretora, é importante avaliar as ações que estão sendo desenvolvidas a nível estadual e municipal para preservar o bioma e, mais do que isso, a eficácia dos projetos que são desenvolvidos nesse sentido.
 
As áreas mais críticas para a Mata Atlântica, indicadas no levantamento, são justamente nos estados que concentram grandes proporções do bioma, o que acaba resultando em desmatamentos de grande extensão. Em primeiro lugar, pela quinta vez consecutiva, aparece o estado de Minas Gerais que, comparado ao período de 2005 a 2008, teve um aumento de 15% na taxa anual de desmate. Na segunda posição aparece o Paraná e, o estado de Santa Catarina, apesar de ter reduzido seu desmatamento em 75% em relação ao período anterior (2005-2008), foi o terceiro estado listado pelo atlas entre os que mais desmataram o bioma.
 
Como explica o próprio levantamento, 80% do desmatamento identificado no Espírito Santo e em outros nove estados da federação é, realmente, do período 2012-2013. Entretanto, em alguns casos, o desmatamento foi identificado em 2012, mas não foi possível confirmar se ele ocorreu neste período ou em período anterior, casos que correspondem a 20% do desmatamento identificado nesses mesmos estados. Isso se deve a imagens cobertas por nuvens, que são substituídas na avaliação por imagens dos territórios do ano anterior, e quando os desmatamentos são contabilizados após apresentarem alteração no ano anterior, mas na ocasião tais alterações não foram suficientes para caracterizar o desmatamento - o que ocorre quando estes têm menos de três hectares de extensão.
 
O estudo é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foi realizado nos 17 estados abrangidos pelo bioma, um dos mais ameaçados do mundo. Entre os anos abrangidos por este novo levantamento, o Atlas registrou que o aumento do desmatamento na Mata Atlântica em todo o país foi de 9%. São 235 quilômetros quadrados, o equivalente a 24 mil campos de futebol, em todo o Brasil. Diferentemente do que havia sido detectado no ano passado, neste levantamento não foram registrados desmatamentos em mangues, tampouco em restingas. No Estado, onde já não havia sido detectada tal realidade, a situação foi mantida.

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