Sábado, 27 Abril 2024

Expansão da Aracruz Celulose é discutida em audiência pública

Expansão da Aracruz Celulose é discutida em audiência pública
Uma audiência pública discutirá, nesta quarta-feira (23), o relatório de impacto ambiental apresentado pela Aracruz Celulose (Fibria) para o plantio de eucalipto nos municípios de Pinheiros, Montanha, Ponto Belo e Mucurici, no extremo norte do Estado, no projeto chamado “Bloco II”, apresentado ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) para obtenção do licenciamento ambiental.
 
O plano total compreende quatro blocos, com um total de 17.017,75 hectares pertencentes ao Grupo Simão, que serão explorados durante 14 anos pela Aracruz.



Se essa área fosse destinada à reforma agrária, seria possível assentar mais de 800 famílias que, além de produzir alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, poderiam gerar até quatro empregos, chegando a pelo menos 3.200 empregos diretos, uma somatória muito maior do que os empregos gerados pela empresa. Com os eucaliptais, é gerado apenas um posto de trabalho a cada 30 mil hectares, enquanto a agricultura camponesa gera pelo menos um emprego por hectare. 
 
Os estudos ambientais apontaram que parte das terras está dentro dos limites de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e do Corredor Ecológico Córrego do Veado, em uma região de Mata Atlântica. Foi, inclusive, constatado por pesquisadores da Associação de Amigos do Museu de Biologia Mello Leitão (Sambio) que a biodiversidade da Reserva Biológica (Rebio) Córrego do Veado, em Pinheiros, sofre ameaça devido à seca permanente da região, impacto decorrente da monocultura do eucalipto e ainda da pecuária extensiva.



Na mesma situação estão, ainda, a Rebio Sooretama, que engloba áreas dos municípios de Linhares, Jaguaré, Sooretama e Vila Valério; e Córrego Grande, em Conceição da Barra. Os pesquisadores classificaram a sub-bacia do Córrego Santo Antônio, que alimenta a Rebio Córrego do Veado, como em situação ‘trágica".
 
Os movimentos populares buscam ampla participação dos militantes da região na audiência desta quarta, às 17 horas, que será no Ginásio Poliesportivo Nascimento Inácio, no município de Mucurici, diferentemente da que aconteceu na semana passada para discutir projeto da Suzano Papel e Celulose também para o extremo norte do Estado, em um cerimonial de Montanha. A escolha do local, privado, foi amplamente repudiada pelos movimentos sociais do campo, que estão preparando uma nota de repúdio e um abaixo-assinado contra a os monocultivos.



Em agosto último, a Aracruz requereu ao Idaf novas licenças Prévia (LP) e de Operação (LO) para expandir os plantios nas proximidades da Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas, nos municípios de Montanha e Pinheiros. Após ocupar todas as áreas permitidas para tal uso nos municípios de Aracruz, Conceição da Barra e São Mateus, onde também se apropriou dos territórios indígenas e quilombolas, a empresa avança em direção ao extremo norte, que já enfrenta graves impactos decorrentes da monocultura do eucalipto e ainda da pecuária extensiva, a exemplo da escassez de água. 
 
Em Montanha, havia um projeto de lei que permitiria o aumento da monocultura de eucalipto de 15% para 25% da área total do município, mas uma mobilização de 500 integrantes da Via Campesina conseguiu suspender a sessão em que a matéria seria votada. Segundo informações de bastidores, a matéria é resultado de articulação entre o prefeito do município, Ricardo Favarato (PMN), e a Aracruz Celulose.

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