Sábado, 04 Mai 2024

Aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos engessa Casagrande

Aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos engessa Casagrande

Depois de ter a negativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a criação do Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva, que recebeu o convite de oito legendas para se filiar e disputar a Presidência da República, se filiou ao PSB, do governador de Pernambuco Eduardo Campos, em uma jogada no mínimo surpreendente.



Campos tem 4% de intenções de votos, enquanto Marina, que herda um capital de 20 milhões de votos em 2010 e seguia firme na última pesquisa para a sucessão de Dilma Rousseff, em 2014, mas a chapa terá a ex-senadora como vice do pernambucano. Além de surpreender o mercado político, a movimentação afetará fatalmente o processo eleitoral no Espírito Santo.



O governador Renato Casagrande, socialista e bastante partidário, vinha tentando convencer o mercado político estadual e nacional de sua intenção de manter um palanque neutro, para garantir a permanência do PT e do PMDB em seu grupo político em 2014, de preferência repetindo o palanque de unanimidade que o elegeu em 2010.



Para a Nacional, a parceria entre Eduardo e Marina pode levar a disputa presidencial para o segundo turno. Mas não é bem assim. É preciso considerar as perdas que Marina possa ter tido nesse processo. Eduardo tem grandes possibilidades de crescer na campanha, mais do que o candidato do PSDB, Aécio Neves (MG), mas segue na ultima colocação da disputa e não tem muitos apoios para ter um tempo de televisão capaz de fazer com que o eleitor de todo país o conheça bem para garantir seu crescimento na disputa.



Além disso, uma coisa é Marina ser candidata, outra é a ex-senadora compor uma chapa como vice de um partido tradicional. Marina, que desde fevereiro vinha tentado estruturar o Rede Sustentabilidade com base em uma proposta de mudança de paradigma político, pode perder muito com a escolha equivocada de partido.



Deixou transcender um objetivo antipetista e uma luta pelo poder, em busca de um discurso de oposição com competitividade eleitoral. Nesse sentido, fica a dúvida se essa movimentação será benéfica para o palanque socialista no Estado.



O governador Renato Casagrande perde em um primeiro momento a condição de manter o PT em seu arco de aliança já que, nacionalmente, afasta-se completamente a possibilidade de acordo entre os dois partidos. Como o PT tem uma aliança forte com o PMDB em nível nacional, legitima-se o projeto do grupo do ex-governador Paulo Hartung no Estado, facilitando a movimentação entorno de uma candidatura do senador Ricardo Ferraço (PMDB) pelo grupo contra o palanque socialista.



Além do palanque peemedebista, o governo federal poderá contar ainda com mais um palanque fidelizado. A ida do delegado Fabiano Contarato para o PR, para disputar a eleição ao Senado, fortalece o senador Magno Malta, que pode ser o candidato ao governo e já se dispôs a erguer um palanque de reeleição para Dilma no Estado.



Logo, a movimentação nacional engessa Casagrande, aumentando a pressão para que ele adote o palanque partidário na disputa presidencial, mas não o fortalece. Em vez disso, abre uma brecha para que os aliados que estiveram com o governador em 2010 possam se desalinhar do projeto de 2014, sob o pretexto de se manterem no projeto de reeleição do PT, que não cabe mais no palanque socialista.

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