Quarta, 01 Mai 2024

Casagrande e Hartung antecipam nos bastidores a disputa de 2014

Casagrande e Hartung antecipam nos bastidores a disputa de 2014
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
 
O governador Renato Casagrande e o ex-governador Paulo Hartung têm travado uma queda de braços nos bastidores. Enquanto isso,+ a classe política fica perdida sem a definição do cenário eleitoral de 2014
 
 
 
Nerter – Tem uma série de informações circulando nos bastidores sobre as movimentações da classe política, mas parece ser tudo fumaça, não há nada palpável para 2014. Essas conversas, evidentemente, envolvem as quatro grandes lideranças do Estado: Renato Casagrande (PSB), o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e os senadores Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PMDB). O questionamento é sobre suas posições na eleição do ano que vem. De certo mesmo temos a candidatura à reeleição do governador Renato Casagrande. Agora, contra quem? O senador Magno Malta realizou um evento no último sábado para dar boas-vindas aos novos filiados do PR e voltou a afirmar que pode ser candidato, mas também pode não ser. Então, fica dúvida. O fato é que ele está isolado. Além dele, os movimentos de Ricardo Ferraço (PMDB) sugerem que ele partiu para uma manobra arriscada em busca de visibilidade, mas se isso se sustenta para uma eleição, também não sabemos. 
 
Renata – Há umas informações que são difíceis de analisar. Há quem diga que Ricardo quer se afastar de Paulo Hartung, inclusive dentro do PMDB e conquistar o partido para ser o candidato ao governo. Eu, sinceramente, tenho dificuldade em ver uma ação do senador distanciada do ex-governador. Embora, se ele é o candidato do grupo de Hartung, essa movimentação tão distante do pleito não condiz com o perfil do ex-governador. São manobras arriscadas demais para o grupo. 
 
 
Nerter – É verdade, mas Ricardo aproveitou a onda, não é? Houve uma sucessão de fatos envolvendo questões internacionais. Ele está em uma comissão no Senado que trata do tema. Politicamente, ele tem boa circulação no mercado político e  o apoio do empresariado. O problema que atua mesmo só na Grande Vitória. Precisa expandir sua imagem. Assim como fez Renato Casagrande, quando era senador, ele buscou visibilidade nacional para tentar ampliar sua imagem no Estado. Teve que aproveitar o momento. 
 
Renata – Sim, mas as estratégias são muito arriscadas e a visibilidade que hoje é boa, pode não se manter assim ou pior se reverter em desgaste. Dentro do PMDB, o grupo de Paulo não é tão forte mais. Lelo Coimbra estaria isolado no comando da sigla. Mas daí a Ferraço conquistar o PMDB são outros quinhentos. A forma como ele entrou no partido, empurrado por Lelo e Hartung e já com um papel pré-definido de disputar o governo, irritou os chamados históricos, já que isso não foi discutido em nenhum momento com o partido, foi empurrado goela abaixo. O senador não pode mudar de partido para tentar a eleição por outra sigla, portanto restaria conquistar os históricos e isso não é tão fácil.
 
Nerter – Além dos movimentos do senador Ricardo Ferraço, há uma atividade intensa de bastidores do ex-governador Paulo Hartung. Essa história de que Casagrande tem a maioria da Assembleia é controversa. Há um grupo que teria sido cooptado na Casa para intensificar a oposição a Casagrande para desestabilizá-lo...
 
Renata – Por falar em oposição, você reparou na nova roupagem de Euclério Sampaio? Não estou falando do visual e sim do discurso lido, da oposição cirúrgica? 
 
Nerter – Sim. 
 
Renata – Então tá. Mas, continue.
 
Nerter – O Casagrande já tem um problema grande na Casa chamando Theodorico Ferraço (DEM). Tem gente que diz que o demista faz movimento em favor do filho, possível candidato. Tem gente que acha que é pela mágoa daquele "abril sangrento". E há ainda quem defenda que se trata tão somente de disputa de espaço político mesmo. O fato é que Casagrande teria intervindo para “salvar” Ferraço da [Operação] Derrama e agora deve estar muito arrependido. Da mesma forma que deve se arrepender de ter assumido todas as contas deixadas pelo governo anterior, como os aliados na equipe, o caos na segurança e outras áreas sociais desassistidas, as renúncias fiscais, enfim, todas as broncas do Paulo. 
 
Renata – Enquanto Casagrande acumula desgastes, Paulo Hartung aproveitou os tempos de planície para construir Estado afora uma imagem homem de gestão. Com as palestras sempre comentadas pela mídia, o ex-governador lustra a vitrine, passando uma imagem de excelência no serviço público. Ao mesmo tempo em que sua imagem segue blindada e polida, a de Renato, até pelas trapalhadas na gestão e as constantes crises, só se complicou. Hoje já se fala na possibilidade de Hartung disputar a eleição com Casagrande e o socialista sair derrotado na disputa. Mas é preciso muita calma nessa hora, porque só isso não vai garantir a vitória de Hartung, não é?
 
Nerter – Olha, apesar de ter uma série de irregularidades em seu governo, Paulo Hartung está saindo incólume das pendengas, até porque os resquícios do arranjo institucional ainda existem. Mas há dois fatores a se considerar na hora de pensar uma candidatura de Hartung ao governo. O primeiro é que se Hartung entrar, o senador Magno Malta também entra. E Hartung não vai querer enfrentar Magno Malta em campanha, mesmo com possibilidade de vencer. Malta tem voto e sabe como desconstruir essa imagem de Hartung. E o ex-governador sabe e teme isso. Outra questão é o próprio Casagrande. Hartung vai vir com esse discurso de que seu sucessor foi pior que ele. Aliás, já vem disseminando essa ideia nos bastidores. Mas Casagrande tem uma carta na manga que nenhum outro candidato tem: a máquina, diga-se de passagem, bem azeitada.
 
Renata – Com certeza. Por que você acha que houve tanta movimentação para tentar barrar o Fundo de Desenvolvimento dos Municípios? Com os prefeitos das cidades com menos de 20 mil habitantes – e no Estado isso é mais da metade dos municípios – com a corda no pescoço, o Fundo vai servir como tábua de salvação desses prefeitos. Casagrande não imprimiu uma marca em seu governo, nem respondeu à pauta das ruas, mas vai injetar dinheiro nos municípios do interior por meio do Fundo, o que vai lhe dar uma base muito boa de prefeitos. Com a conquista de 22 municípios em 2012 pelo PSB, incluindo a Serra, o maior colégio eleitoral do Estado, e a prefeitura da Capital, com o apoio do prefeito Luciano Rezende (PPS), a coisa fica a inda mais facilitada. A campanha vai se dar pelos prefeitos. 
 
Nerter – Com certeza. Essa é uma fórmula antiga na política capixaba. Eleição estadual se ganha ao lado dos prefeitos. Ter a maioria na Grande Vitória já é um grande passo, mas não basta. No interior, a máquina realmente funciona, porém, a disputa segue aberta - até porque não temos qualquer candidatura posta, com exceção de Casagrande. Acredito que a campanha pelos prefeitos é um caminho muito mais seguro do que apostar em uma união do "sul com o norte".

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