Quarta, 01 Mai 2024

Renato Casagrande parte para o ataque e se posiciona contra Paulo Hartung

Renato Casagrande parte para o ataque e se posiciona contra Paulo Hartung
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
O contra-ataque do governador Renato Casagrande às movimentações do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) nos últimos dias foi agressivo e deve ter reflexos fortes na classe política. Papo de Repórter discute as ações de cada lado e suas preparações para o embate eleitoral.
 
Nerter – Depois de um mês de abril em que o ex-governador surpreendeu os meios políticos com suas movimentações eleitorais tão antecipadas, o que não é de seu feitio, colocando o nome à disposição do PMDB e aparecendo em um cenário, ainda que artificial, como candidato em condições de impedir o segundo mandato do governador Renato Casagrande, a classe política havia ficado bastante abalada, agora é a vez do governador Renato Casagrande também mexer suas peças no tabuleiro eleitoral, equilibrando novamente as forças e causando ainda mais confusão no mercado político. Hartung colocou o PT em compasso de espera, não assumindo de primeira, como esperava o partido, a candidatura da presidente Dilma Rousseff. Começou a flertar com o PSDB, levantando sérias suspeitas sobre a candidatura do candidato tucano ao governo do Estado, Guerino Balestrassi, se era para valer ou não. 
 
Renata – As pesquisas sempre foram amigas de Hartung. Mas este ano, a estratégia foi genial. Isoladamente levantados os dados criaram uma sensação de que Hartung dividia completamente os votos com Casagrande, mesmo estando quatro anos na planície. Mas a classe políticas não caiu nessa. E aconteceram coisas inesperadas no caminho que ajudaram a complicar a estratégia do ex-governador. O senador Ricardo Ferraço e o ex-senador Gerson Camata, dois peemedebistas de peso, se colocaram ao lado de Casagrande. Luiz Paulo Vellozo Lucas também se movimentou com a nacional para que o PSDB fechasse por cima a aliança com o PSB. 
 
Nerter – Parece que está funcionando. Pelo menos por enquanto, Guerino mantém a candidatura, até para dar uma aliviada na tensão entre os palanques polarizados. Mas acho que Casagrande não teria anunciado seu apoio a Eduardo Campos, desistindo da neutralidade, se o acordo de 1º de Maio em São Paulo, entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) não tivesse dado as garantias ao socialista. Luiz Paulo mostrou que tem uma visão do jogo político que as demais lideranças do Estado estão demorando a enxergar. O jogo é jogado de fora para dentro, ou seja, é a nacional que vai definir a eleição no Espírito Santo, assim como aconteceu em 2010, não é? Parece que Luiz Paulo aprendeu a lição e o Paulo Hartung, não. 
 
Renata – O anúncio de Casagrande na terça-feira e o manifesto de 70% dos prefeitos do Estado à reeleição do governador remontam a um passado recente da história política do Estado que mostra, para preocupação de Hartung, que o candidato com o apoio dos prefeitos sempre vence. Pode ser que este ano haja uma quebra de paradigma, mas o que os pleitos passados mostraram, não confirmam esse prognóstico. Aliado a isso, os 60% de aprovação que nem mesmo as pesquisas amigas de Hartung conseguiram tirar, é outro ponto que mantém os prefeitos unidos a Casagrande. Como se sabe, prefeito é sempre o principal indutor de votos em eleições estaduais, nesse sentido não há como evitar a ideia de que Casagrande vai para o confronto com seu antecessor com uma vantagem significativa. O silencio do ex-governador, sempre falando por intermédio do deputado federal e presidente do PMDB, Lelo Coimbra, também não ajuda muito. Claro que ele tem de evitar desgastes neste período pré-eleitoral, mas o ritmo do processo este ano é diferente. 
 
Nerter – Outra vantagem de Casagrande nesta disputa é a segurança com a qual o governador está vindo para a campanha. Segundo Lelo, Hartung estudou muito bem o atual governo e vai bater nesta questão do aumento dos gastos, mas o governador – e aí é ele mesmo quem fala –, chama Hartung ao debate comparativo dos oito anos do antecessor contra os seus quatro. Diante desta segurança toda, a impressão é que Casagrande tem o que mostrar, tem como defender no debate.  E também não é segredo o que ele vai mostrar as três mil vagas criadas na área de segurança, o desempenho da educação, a inauguração de hospital iniciado na gestão de Hartung, que em oito anos não conseguiu concluir, o investimento nos municípios. 
 
Renata – Mas, sinceramente, se o discurso eleitoral ficar nessa comparação, vai ser uma eleição morna, chata. Duvido que Casagrande irá para o ataque, colocando na mesa os problemas da gestão anterior. Nunca podemos nos esquecer que essa disputa não traz a apresentação de um novo projeto político para o Estado. É uma divisão de poder dentro do sistema de unanimidade que não foi quebrado, apenas seus líderes estão disputando o controle dele. Casagrande foi eleito no palanque de Hartung com a bandeira da continuidade. Se Hartung vencer, não haverá uma mudança estrutural no que já foi traçado em 2003, com a elaboração do ES2025, que depois virou ES2030. O plano é o mesmo, o que está em discussão é se mudará o operador do projeto ou não. 
 
Nerter – Sim. E o que fica no ar agora e que deve ser discutido intensamente nestes próximos dias é o papel que desempenharão as forças auxiliares nesse cenário. Mesmo que surja outro nome ou que o senador Mango Malta (PR) se coloque na corrida estadual, o foco, pelo menos é o que o cenário indica, ficará mesmo na disputa entre Casagrande e Hartung. E nós já discutimos aqui no papo que cada um vai ter seu jeito de buscar o reforço de seus palanques. Acho que há vantagem no palanque de Casagrande, sim, mas Hartung é, sem dúvida, um candidato muito forte e que vai buscar condições de fortalecer seu palanque para endurecer o jogo contra o governador e o que vai sobrar nesse embate para o PT, o PSDB, o PDT e os outros partidos?
 
Renata – Aliás, até aqui, o principal prejudicado nesse jogo de poder é o PT. O partido ficou oscilando entre Casagrande e Hartung, até que Casagrande cansou de esperar e se definiu pela candidatura de Eduardo Campos, o que fecha a porta para o PT em seu palanque. Já Hartung, como você destacou, colocou o partido em compasso de espera. Mas, com Dilma caindo, ele não vai assumir o palanque da presidente e, o pior para o PT, ele tenta tirar o PSDB do palanque de Casagrande, tentando atrair o presidenciável tucano Aécio Neves. Neste caso, o PT vai ter de disputar sozinho, comprometendo seriamente suas pretensões proporcionais. Mas é o preço a pagar por não ter se preparado para essa movimentação, que estava na cara que iria acontecer.
 
Nerter – Depois da movimentação de Casagrande, agora é esperar a reação do grupo do Paulo Hartung. Este mês que antecede as convenções deve ser de bastante agitação nos meios políticos. Por enquanto, o governador está em vantagem, mas como ainda falta bastante tempo para as convenções, muita coisa pode acontecer. A única coisa que eu não acredito é nessa especulação sobre a possibilidade de Hartung recuar. 
 
Renata – Também acho muito difícil. Ele já fez muitas movimentações e um recuo agora seria admitir a derrota. Vamos ter disputa eleitoral, sim, e não vai ser uma eleição fácil nem para Casagrande e muito menos para Paulo Hartung. 

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