Segunda, 29 Abril 2024

Variáveis que vão influenciar no cenário eleitoral de 2014

Variáveis que vão influenciar no cenário eleitoral de 2014

Renata Oliveira e Nerter Samora

 
O royalties do petróleo, o desempenho dos prefeitos eleitos em 2012 e o fortalecimento do grupo do ex-governador Paulo Hartung ameaçam seriamente a até então tranquila reeleição do governador Renato Casagrande. 
 
 
Nerter – No Papo de Repórter passado falamos da problemática de se manter a unanimidade em torno do palanque do governador Renato Casagrande, com a forte possibilidade de o senador Magno Malta (PR) disputar a eleição. Mas esse não é o único problema para Casagrande garantir sua reeleição em 2014, embora seja um dos problemas mais complicados de se resolver. Há muita coisa embaçando um processo que parecia ser tão transparente para se enxergar até bem pouco tempo atrás, não é?



Renata – Pois é. Podemos observar muitas causas para essa opacidade que de repente tomou conta do cenário e já falamos sobre algumas delas, como a movimentação nacional e o fator “MM” (Magno Malta). Mas tem outras coisas também. Essa questão dos royalties, por exemplo, é uma incógnita. Por enquanto o eleitorado está colocando na conta do Congresso Nacional o ônus pelas perdas. Mas se esse cenário desolador realmente se concretizar no Estado, se ficarem acirrados os ânimos entre os municípios que vão perder e os que vão ganhar, a capacidade de mediador do governador Renato Casagrande será testada.



Nerter – Hoje os prefeitos já vem reclamando da falta de recursos, reflexo das perdas com o Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap). Esse rombo deve aumentar quando se efetivar o corte dos royalties. Para o próximo dia 19 está marcada a disputa pelo Fundo de Participação dos Estados (FPE)  no Congresso Nacional e o Estado tenta resolver também o imbróglio do ICMS, ou seja, mais perdas vêm pela frente. Como o governo e, principalmente as prefeituras têm muita dificuldade em apresentar projetos para a captação de recursos para investimentos, vai faltar dinheiro, não tenha dúvida, e isso vai acabar refletindo, sim, no palanque de Casagrande.



Renata – Sem falar nessa história de fazer um corte reto nos projetos de R$ 400 milhões para custeio e investimentos, mas os incentivos fiscais aos empreendimentos em atividade no Estado, que muitas vezes trazem mais problemas que benefícios, estão mantidos. Não dá para saber qual o impacto que as contrapartidas das grandes empresas poderiam trazer para a econômica capixaba, já que isso é uma caixa preta que ninguém tem coragem de abrir. O corte de investimentos vai trazer problemas para a imagem e não se sabe até quando essa imagem de vítima do Congresso vai durar.



Nerter – Só o Fundo de Redução das Desigualdades Regionais vai ter seu orçamento diminuído em R$ 30 milhões. Quanto aos incentivos, o governo diz que não descarta cortar, mas por enquanto está tudo mantido. Isso vai abrir uma brecha para a choradeira dos municípios. Os prefeitos que estão iniciando seus mandatos e que foram eleitos com o apoio do Palácio Anchieta vão cobrar uma ajuda, que não se sabe se o governo terá pernas para dar.


Renata – Nesta questão dos prefeitos, aliás, cabe uma análise mais profunda. O desempenho dos novos gestores, sobretudo aqueles ligados ao governador Renato Casagrande, vai ser fundamental para a sustentação do palanque do socialista. Se os prefeitos não conseguirem dar as respostas necessária à população, principalmente os que foram eleitos com o discurso da mudança, vão querer um suporte do governo do Estado e as procissões de prefeitos ao Palácio Anchieta vão durar o ano todo. Todos com pires na mão. 


Nerter – Outro problema para Renato Casagrande é o fortalecimento do grupo do ex-governador Paulo Hartung. A soltura e absolvição midiática dos ex-prefeitos envolvidos no escândalo que resultou na Operação Derrama tiraram o arranhão da imagem de Hartung, já que todos os presos eram aliados do ex-governador, inclusive peemedebistas muito ligados ao ex-governador, como o ex-prefeito de Linhares, Guerino Zanon.



Renata – Aliada a isso, a reeleição de Theodorico Ferraço (DEM), mais novo amigo de infância de Hartung, para a presidência da Assembleia e sua mais que confortável situação perante o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, também fortalecem o grupo do ex-governador. Hartung tem pelas mãos de Ferraço o controle das movimentações políticas para o próximo ano, o que o recoloca na mesa do xadrez eleitoral. O ex-governador que havia perdido o lugar com a derrota acachapante na disputa municipal do ano passado, agora conseguiu se reerguer e complica a vida de Renato Casagrande.



Nerter – Mas isso não significa que o governador está fora do jogo, afinal Hartung tem uma verdadeira ojeriza da possibilidade de ter Magno Malta pela frente em um processo eleitoral. O que acontece é que Casagrande fica dependente do grupo de Hartung. 


Renata – A entrada do Magno na disputa pode representar um possível duelo entre o senador e as elites capixabas. De um lado, o senador populista que nunca precisou das elites para se eleger; do outro, o ex-governador que pode novamente ficar ao lado de Casagrande.


Nerter – Certamente será uma batalho e tanto! 

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