Sexta, 26 Abril 2024

Escolas devem ter inspeção para comprovar adesão aos protocolos, adverte Ethel

ethel_secom Secom

"Os planos locais precisam ter comprovada a capacidade de adesão aos protocolos com inspeção da vigilância sanitária, pelo menos por amostragem", orienta a pós-doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, referindo-se aos planos locais de controle de cada escola, que devem ser elaborados com base no protocolo de biossegurança publicado na Portaria conjunta nº 01-R das Secretarias de Estado da Saúde e Educação (Sesa/Sedu) em oito de agosto. 

"Alguma forma de inspeção deve ser feita para que as escolas sejam liberadas. Ou será cada um por si?", questiona a cientista, que é professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e integrante do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora tecnicamente o governo do Estado na tomada de decisões sobre o enfrentamento da pandemia. 

Ethel Maciel afirma que essa inspeção é um ponto a ser observado na preparação das escolas para a futura abertura segura, mas que os dados, até o momento, indicam que o mais razoável é mantê-las fechadas pelo menos até o final deste ano.

Curvas em ascensão

Os gráficos mais atualizados sobre o índice de transmissão (Rt) e a média móvel de casos de Covid-19 no Espírito Santo indicam quatro microrregiões que fecharam o mês de agosto com a pandemia em curva crescente e em duas delas, o Rt está acima ou próximo de 1. 

Com dados até o dia 28 de agosto, os gráficos mais recentes do NIEE sobre a evolução da pandemia no Estado mostram que a tendência de queda da média móvel de casos e do Rt se mantém na medição geral do território, da Grande Vitória e do interior como um todo.

Na avaliação das microrregiões, no entanto, o noroeste e o centro-oeste estão com Rt subindo, alcançando 1,37 e 0,57, respectivamente. Já a central sul está com média móvel crescente, em 0,57, e a sudoeste serrana estacionou num platô de 0,9 de média móvel de meados até o final de agosto.

Entre as dez microrregiões, além da continuação da tendência de queda na Grande Vitória, outra boa notícia é o nordeste, que se mantinha em perigosa alta há semanas e, neste último gráfico, mostrou queda da média móvel, que chegou a 1,08. O número no entanto ainda é alto, acima de 1, e num platô de 0,73 para o número de caso nas duas últimas semanas de agosto.

As demais quatro microrregiões seguem as tendências estadual e do interior, com ligeira queda em suas respectivas médias móveis e Rts. 

O professor-doutor de Matemática da Ufes Etereldes Gonçalves Junior, membro do NIEE, lembra que os impactos da grande quebra do isolamento social ocorrida lamentavelmente durante o feriadão de sete de setembro, ainda não foram medidos. "Eles constarão nos gráficos da próxima semana", informa. 

Na contramão 

"Só esses dados já deveriam bastar [para a decisão de reabertura somente em 2021]", afirma Ethel Maciel, citando movimentações nesse sentido em curso em outros estados. No Rio Grande do Norte, a decisão foi tomada pela governadora Fátima Bezerra (PT), e no Rio de Janeiro, foi determinada pelo juiz Elisio Correa de Moraes Neto, da 23ª Vara do Trabalho. 

No entanto, até o momento, o Espírito Santo tem caminhado na direção contrária, com a liberação de funcionamento do ensino superior a partir da próxima segunda-feira (14) – autorização que, ao que tudo indica, será adotada em massa pelas escolas privadas, mas não foi seguida pelas duas instituições públicas, Ufes e Ifes, e ao menos uma privada, a Farese, em Santa Maria de Jetibá, na região serrana.

Vergonha nacional

O Plano de Retorno às Aulas Presenciais da Rede Pública Estadual de Ensino do Espírito Santo, aliás, tem sido motivo de vergonha nacional. Acolhendo a denúncia feita por coletivos de educadores capixabas em suas redes sociais e pelo deputado Sergio Majeski (PSB) em sessão virtual da Assembleia Legislativa, alguns canais e veículos jornalísticos de âmbito nacional repudiam a sugestão, constante na página 64 do documento, para o trato dos casos de luto nas escolas, em funções dos previsíveis óbitos de estudantes e profissionais. 

Importância das máscaras

Ethel enfatiza também a importância do uso das máscaras por toda a população, citando mais um artigo científico sobre o assunto, publicado pelo New England Journal of Medicine, uma das publicações científicas mais prestigiadas na área da Medicina, editado semanalmente pela Massachusetts Medical Society, fundada em 1812. 

O artigo afirma que a utilização das máscaras reduz a quantidade de vírus que uma pessoa inspira, caso esteja em um ambiente contaminado, o que faz com que o desenvolvimento da doença se dê de forma assintomática ou com sintomas leves. "Ao tirar a máscara para comer ou beber água, como acontece numa escola, por exemplo, a pessoa se expõe mais ao risco", alerta Ethel.

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