Ex-prefeito reafirma que Santa Rita foi fechado por questões políticas

O Hospital e Maternidade Santa Rita, localizado em São Gabriel da Palha, no noroeste do Estado, pode ser reaberto para a população que necessita de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), caso haja vontade política para pôr novamente a unidade em funcionamento. 

Segundo o proprietário do estabelecimento, Luiz Pereira do Nascimento, o local, que tem 2 mil m² de área construída, não pode ficar ocioso, enquanto a população de São Gabriel e do entorno padecem sem atendimento ou arriscam suas vidas perigosas estradas em busca de atendimento médico na Grande Vitória.

A unidade está fechada desde 2010, mesmo com estrutura completa e montada para prestar atendimento à população. De acordo com Pereira, que também é ex-deputado estadual e ex-prefeito do município, o hospital foi bombardeado por denúncias durante, pelo menos, cinco anos, motivadas pura e simplesmente por questões políticas. “A [então] prefeita denunciou o hospital querendo atingir o Luiz Pereira”, conta ele, se referindo à ex-prefeita e atual deputada estadual Raquel Lessa (SD).

Luiz Pereira conta que o hospital foi inaugurado há 25 anos e começou como uma unidade pequena, mas cresceu e se tornou referência no município. Por questões políticas, ele reforça, foi fechado depois de uma série de denúncias. “Só se faz 14 denúncias quando se quer aniquilar o hospital”, diz ele, acrescentando que durante todo o tempo de funcionamento ajudou o hospital sem interesse em nada em troca.

Em 2014, a diretoria foi denunciada pelo Ministério Público Federal no Estado (MPF-ES) por suposta prática de crime de estelionato contra o SUS. Pereira afirma que esta denúncia já caiu por terra depois dos esclarecimentos da equipe médica do Santa Rita.

Ele explica que em 2007 as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) foram auditadas e de 400 guias, apenas 16 apresentaram alguma incongruência, mas nada grave, como seria a diferença de diagnóstico. “Não tivemos direito de defesa, para colocarmos nossa posição”, protesta.

Somente em 2014, sete anos depois, houve a oitiva do auditor diante da Justiça Federal, em audiência no Rio de Janeiro. Segundo Luiz Pereira, passou tanto tempo entre a auditoria e a audiência que o auditor não se recordava dos fatos. No entanto, em um exercício de memória diante do juiz ele lembrou que não havia incongruências importantes nas AIHs. De acordo com Pereira, ocorreram erros, como a falta de prescrição medicamentosa, que podem ocorrer em qualquer tipo de estabelecimento. O que não configura, segundo ele, tentativa de fraude. “Nunca houve intenção de fraudar o SUS. O SUS é pobre e atende a quem mais necessita”, completa.

O ex-prefeito de São Gabriel afirma o hospital foi alvo de uma ação covarde. O grupo político que fechou o hospital não se preocupou com os milhares de usuários da região noroeste do Estado que dependiam do Santa Rita. Ele diz que, para voltar a funcionar com toda a capacidade é preciso construir cerca de mil metros quadrados, para contemplar um Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) e um Centro de Terapia Intensiva (CTI).

Em vistoria no hospital realizada na última quinta-feira (10), os deputados que compõem a Comissão de Saúde, além de prefeitos de cinco municípios do entorno e representantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), puderam conferir que o hospital tem estrutura suficiente para atender pacientes dos municípios do noroeste do Estado. A estrutura conta com 70 leitos, duas salas de cirurgia, esterilização, maternidade, necrotério e lavanderia.

O Santa Rita está em perfeito estado, garante Pereira,e não pode mais ficar ocioso enquanto a população se arrisca nas estradas em busca de atendimento médico em outros municípios.

Durante a visita técnica, a superintendente de Saúde do governo do Estado, Luciane Cardoso, afirmou desconhecer o hospital, mas vai encaminhar relatório pedindo à Sesa a reativação da unidade.

Ao final do encontro ficou definida a “Carta de São Gabriel”, contendo toda a situação e a necessidade de reativação do hospital. Ela será assinada pelos prefeitos dos municípios de São Gabriel da Palha, São Domingos do Norte, Vila Valério, Águia Branca e Governador Lindenberg, todos na região noroeste.

O ex-deputado, no entanto, espera que haja compromisso público que não ocorra novamente o fechamento do hospital por questões políticas.