Marcha do jaleco branco: médicos não querem a contratação de estrangeiros
Os médicos e estudantes de medicina realizam um ato público nesta quarta-feira (3) em protesto contra a contratação de médicos estrangeiros para atuarem em hospitais públicos do País. No Estado, a concentração aconteceu em frente ao Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), no bairro Bento Ferreira, em Vitória.
Os cerca de 500 médicos e estudantes saíram em passeata do CRM-ES em direção ao Hospital São Lucas, que funciona provisoriamente no Hospital da Polícia Militar (HPM), também em Bento Ferreira, e seguiram pela Avenidas Beira Mar, Nossa Senhora dos Navegantes e Américo Buaiz, passando pela Assembleia Legislativa.
Endossam a manifestação o Sindicato dos Médicos do Estado (Simes), o CRM-ES e a Associação dos Médicos do Estado (Ames). A manifestação segue decisão da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB) contra o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, que declarou que o governo brasileiro fará a contratação de 6 mil médicos estrangeiros para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS).
Os manifestantes querem que a presidente Dilma Rousseff crie mecanismos para que médicos brasileiros possam atuar em todo o país, já que eles alegam que muitos médicos não vão para o interior por falta de infraestrutura de trabalho e vínculo trabalhista.
Durante o dia, os médicos realizaram uma visita ao Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) para verificar a situação de funcionamento da unidade.
Interior
No interior do Estado, os prefeitos encontram dificuldade para contratação de médicos para o Programa Saúde da Família (PSF). Em entrevista a Século Diário no último fim de semana, o presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes) e prefeito de Venda Nova do Imigrante, na região serrana, Dalton Perim (PMDB), disse que os gestores municipais têm interesse em contratar médicos locais, mas temem que a referência preconizada pelo PSF em relação à remuneração não seja atrativa aos profissionais.
Perim apontou que os municípios recebem verba federal para organizar os postos de saúde e operacionalizar os atendimentos do PSF. A remuneração preconizada pelo SUS para a Região Sudeste do país fica entre R$ 8 mil e R$ 10 mil. Perim afirmou que existem editais para processos seletivos para a contratação de médicos em que não há inscritos. “O sistema capitalista é aberto, se o profissional não estiver satisfeito com a remuneração ele sai em busca de melhores oportunidades”, avalia.
Perim disse que tem observado não só no Espírito Santo, mas em todo o Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, a falta de médicos. Segundo o prefeito, isso é comprovado com pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. "Há regiões com menos de um médico por mil habitante, enquanto o que se preconiza mundialmente são 2,5 a três médicos por mil habitantes. Na maioria do Brasil, o que se vê é essa realidade. No Espírito Santo não chegamos nem a dois médicos por mil habitantes. Se for separar a região metropolitana da Grande Vitória do restante do Estado, essa média cai mais, porque a grande maioria dos profissionais dessa área está alocada na Grande Vitória. Isso, com certeza demonstra que está faltando médico no interior do Estado", afirmou.
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