Segunda, 06 Mai 2024

Redução das cesarianas é tema de campanha da ANS que continua em janeiro de 2018

Redução das cesarianas é tema de campanha da ANS que continua em janeiro de 2018
A maioria dos partos realizados no Brasil e no Espírito Santo ainda são cesarianas e reduzir esse percentual é objetivo da Campanha Parto Adequado, da Agência Nacional de Saúde (ANS) – em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement –, que entra em sua segunda fase em janeiro de 2018, com 136 maternidades participantes.



No Espírito Santo, oito hospitais participam, quadruplicando o número de unidades que aderiram na primeira fase. São eles: Hospital das Clínicas, Hospital Maternidade são Mateus, Hospital Metropolitano S/A, Hospital Unimed Cachoeiro de Itapemirim, HSM Vila Velha, Maternidade Santa Úrsula, Unimed Vitória Cooperativa de Trabalho e Vitória Apart Hospital, sendo os dois últimos participantes desde o início e o Vitória Apart, classificado como HUB pela Campanha, ou seja, é um hospital de referência para os que entraram nessa segunda fase.



A notícia é boa para amenizar a decepção que os militantes capixabas do parto normal sofreram em dezembro. Justamente no Dia da Doula, 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa seguiu o veto do governador Paulo Hartung ao projeto de lei nº 213/2016, da deputada Raquel Lessa (SD), que obriga os estabelecimentos hospitalares da rede pública e privada do Estado a permitirem a entrada das doulas durante o trabalho de parto e pós parto, quando solicitada pela gestante/mãe.



O argumento, relata a assistente social e doula Graziele Rodrigues, do Grupo Zalika, é que ainda é preciso regulamentar a profissão de doula. “Mas em outros estados isso não foi impeditivo”, contesta. Outra ressalva é sobre o vício de tramitação, pois a matéria deveria ter sido proposta pelo Executivo. “Vamos fazer nova articulação em 2018, apresentar outra redação ou fazer o encaminhamento pelo Executivo”, informa Graziele.



A doula é uma profissional que acompanha a mulher durante a gestação, parto e pós-parto, levando-lhes informações essenciais para que ela tenha consciência e argumentação técnica para exigir que suas necessidades sejam atendidas pela equipe que irá lhe assistir. A profissão entrou agora no Código Brasileiro de Ocupação (CBO), mas ainda não foi regulamentada. Suas origens, no entanto, são ancestrais, pois nos registros mais antigos de partos, havia sempre a figura da mulher que assistia a parturiente, seja fisicamente, materialmente, emocionalmente ou espiritualmente.



 “A lei é extremamente importante para o Sistema Único de Saúde do Estado. Porque na saúde privada, a gente não tem muita dificuldade, o problema é no SUS”, diz a doula, destacando que a única exceção é a Maternidade Municipal de Cariacica, opnde o grupo realiza um trabalho de sensibilização de toda a equipe há três anos.



'Até tapa na cara!'



Patrícia Maria Rohsner, terapeuta em shantala e também membra do Grupo, conta que toda a equipe foi envolvida: médicos, enfermeiros, faxineiros, cozinheiros, porteiros e seguranças. E tudo voluntariamente, como parte do estágio do curso de doulas promovido pelo Zalika. “Também conseguimos zerar a episiotomia. É uma grande vitória. Pode entrar a doula e o pai do bebê, sem problema. O espaço é pequeno, mas não proíbem a entrada”, diz.



Sobre os hospitais que integram a campanha, Patrícia lembra que o percentual de cesarianas ainda é muito alto e, mesmo nos partos normais, há muito desrespeito contra a mulher. “Quando se fala em parto normal, ele ainda é geralmente recheado de violência. Acontece até tapa na cara”, revolta-se.



A doula conta que o que faz a diferença na qualidade do atendimento prestado à parturiente é a sensibilidade e capacidade da equipe. “Um exemplo é o parto na banqueta. Na hora do expulsivo, tem médico que obriga a mulher a ir pra cama, porque ele diz que sua coluna doi e ele não aguenta acompanhar a mulher na banqueta”, exemplifica. “É a equipe que faz a diferença e não a estrutura”, ensina.



Menos UTI neonatal e melhor recuperação da mãe



Entre os resultados positivos da primeira fase da Campanha da ANS, destacam-se a redução de 10 mil cesarianas desnecessárias – que não tenham indicação clínica e sejam feitas apenas por conveniência das partes envolvidas – entre as 35 maternidades participantes. Com isso, segundo matéria publicada pela Agência Brasil nesta terça-feira (24), o número de partos normais cresceu 76%, o equivalente a 16 pontos percentuais, passando de 21%, em 2014, para 37%, em 2016.



O diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, médico Rodrigo Aguiar, destacou também a redução do número de entradas em UTI neonatal em 14 dos 35 hospitais, reduzindo o número de internações, de 86 por mil nascidos vivos para 69 por mil nascidos vivos.



Ainda segundo a Agência Brasil, os hospitais que aderiram à campanha estão passando por uma aprendizagem presencial, em que são treinados para melhor organizar sua estrutura de parto para que eles se deem de forma natural.



As complicações respiratórias são os problemas de saúde mais frequentes, advindos da antecipação do parto por meio de cesariana agendada, segundo o diretor da ANS. Nesses casos, explica o médico, “o recém-nascido não está com o sistema respiratório amadurecido o suficiente para lidar com o mundo exterior”.



O parto natural, ao contrário, enfatiza Rodrigo Aguiar, proporciona uma série de benefícios para o bebê. Além da relação mais aproximada que já se estabelece com a mãe, existe uma indução muito maior ao aleitamento materno. “A mãe produz melhor o leite, e o bebê recebe, aceita e absorve melhor aquele leite”, diz.



Segundo a Agência Brasil, a criança nascida de parto normal consegue também se preparar melhor para se adaptar ao mundo externo, com maior amadurecimento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de doenças infantis, além de haver uma recuperação muito mais rápida do útero e do corpo da mulher. 

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