Sábado, 18 Mai 2024

???Viramos objetos para os médicos???, lamenta empresário

???Viramos objetos para os médicos???, lamenta empresário
O empresário do ramo de móveis, José Eduardo de Oliveira, hoje abre o sorriso porque sabe que será um paciente transplantado de córnea ainda neste ano. Mas o calvário deste conhecido comerciante de Vitória teve início no ano de 2011, quando se submeteu a uma cirurgia oftalmológica e passou por uma verdadeira saga até que encontrasse um médico que atestasse a solução para o problema que enfrenta. 
 
Em 2011, José Eduardo, reclamando que a vista direita estava um pouco embaçada, procurou o oftalmologista que o atendia há cerca de três décadas, Argeu Barbieri Filho, para obter um diagnóstico. O empresário, apesar de beirar os 70 anos, nunca se aposentou e se dedica com vigor ao negócio que toca há quase 50 anos, de comércio de móveis para bares, restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos. 
 
Depois de ser examinado, o oftalmologista diagnosticou que o olho direito estava com catarata e que a indicação seria uma cirurgia para implantação de uma lente. De acordo com José Eduardo, o médico não recomendou a colocação da lente oferecida pelo plano de saúde, no valor de R$ 300, nem as outras nos valores de R$ 900; e de R$ 2,7 mil; indicando uma no valor de R$ 4,6 mil. 
 
A operação foi conduzida pelo médico César Fracalossi Barbieri, filho de Argeu. Uma semana após a realização do procedimento, o empresário voltou ao consultório para acompanhamento, e o médico constatou que a lente havia deslocado e que seria necessária uma nova cirurgia para a remoção e colocação de uma estrutura. O procedimento de retirada da lente é extremamente delicado, já que ela precisa ser quebrada e retirada aos pedaços. 
 
Depois de mais 15 dias, José Eduardo voltou ao consultório para a retirada dos curativos, imaginando que estaria em franca recuperação e foi informado que havia corrido tudo bem na cirurgia. 
 
No entanto, à medida que o tempo passava, a visão do empresário piorava, por isso, procurou outro profissional, o oftalmologista José Luiz Pappone. Ele foi informado que o tratamento seria longo e dispendioso, com a aplicação de colírios. O tratamento durou quase um ano e meio, mas, ainda assim, a visão do olho direito de José Eduardo ficava cada dia pior. 
 
Ele conta que, passado este período, deu um ultimato ao médico, que insistia na aplicação de colírios. “Disse a ele ‘sinto muito, seu tempo acabou’ e foi aí que ele revelou que eu não tinha nenhum problema na retina, e sim na córnea, que estava severamente lacerada”, diz o empresário. 
 
Até que tivesse o diagnóstico, o empresário ficou deprimido, já que a perda da visão o impedia de fazer atividades do dia a dia e tolhiam sua independência. Após ser informado que não havia problema na retina, e sim na córnea, foi encaminhado a outro oftalmologista, mas preferiu procurar o atual médico que o atende. 
 
Ele conta que este médico – que prefere não divulgar o nome, para evitar qualquer problema – foi a salvação para sua visão. Ele só encontrou quem propusesse uma solução para o problema criado em fevereiro deste ano, três anos depois da primeira cirurgia. 
 
José Eduardo se emociona ao falar do médico que o atende atualmente. Ele diz que encontrou uma pessoa com humanidade o suficiente para o tratamento. O médico o colocou na lista de transplante, que deve acontecer ainda neste ano, e o acompanha sempre que necessário. O semblante do empresário muda ao falar deste médico, que se tornou uma pessoa muito querida, principalmente por causa da transparência com que conduz o tratamento. 
 
Assédio
 
Depois de ter constatado que fora vítima de erro médico, José Eduardo procurou assistência jurídica do advogado Ricardo Ribeiro, que denunciou o caso ao Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES) e protocolizou notícia-crime no Ministério Público Estadual (MPES). O próximo passo é ingressar com ação cível contra os médicos Argeu Barbieri Filho e César Fracalossi Barbieri. 
 
De acordo com a denúncia, os médicos denunciados incorreram em três categorias de erro médico – negligência, imperícia e imprudência – pois o resultado do exercício da profissão médica causou dano grave à saúde do empresário com a cegueira de 98% do seu olho direito. 
 
Depois que o empresário já estava sendo atendido pelo médico atual e que já estava na fila do transplante de córnea, ele conta ter sido assediado por representantes dos dois médicos denunciado. A primeira tentativa foi uma oferta de tratamento em Nova York; a segunda, de tratamento em São Paulo; e a terceira de R$ 15 mil. 
 
José Eduardo conta que se sentiu ultrajado e desrespeitado por todas as propostas feitas. “O que ofendeu mais foi a forma abusiva de oferecer o tratamento fora [do país] – que é uma admissão de culpa – e depois pelo valor de R$ 15 mil, que, para eles, é o que vale o meu olho”, diz o empresário. 
 
      

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