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Números indicam que concessão tem margem, apesar do ‘corpo mole’ da ECO 101

Os 25 anos de concessão do trecho capixaba da BR-101 preveem investimentos de R$ 3,2 bilhões e, até maio de deste ano, a concessionária ECO 101 arrecadou R$ 550 milhões com pedágio, o que dá R$ 183,3 milhões/ano. Uma ''matemática dura'' indica que, ao fim da concessão, a empresa deve arrecadar cerca de R$ 4 bilhões. É, portanto, difícil entender o “corpo mole” com a duplicação da rodovia. 
 
A ECO 101 voltou a repetir, em artigo na edição desta terça-feira (19) em A Gazeta, os mesmos argumentos para justificar o atraso nas obras. A crise econômica nacional e capixaba, não pedagiamento da BR 116/MG, que virou rota de fuga da 101, a Lei dos Caminhoneiros, a lentidão do processo de licenciamento ambiental, problemas com desapropriações e desocupações das faixas de domínio e até aumento no preço do asfalto. 
 
O caso ECO 101 é típico do capitalismo à brasileira. Quando os ventos são favoráveis, o empresariado condena o Estado regulador e sublima a capacidade autoregulatória do mercado. Mas é o vento virar e a barra das saias do poder público se torna o mais seguro dos refúgios: é o caso da ECO 101, que já pediu repactuação do contrato porque assumiu riscos e não quer mais cumpri-los. 
 
A ECO trata elementos variáveis como se fossem infindos. Mas a crise não vai se estender pelas próximas duas décadas e até uma matemática dura mostra que a concessão tem margem, sobretudo porque a tendência de arrecadação é crescente – no mínimo, com aumento de pedágio.
 
Em pronunciamento no Senado, a senadora Rose de Freitas (PMDB) mostrou como a redução de tráfego não pode apontada como causa do atraso nas obras. A senadora citou um relatório da empresa que, efetivamente, registra diminuição de tráfego de 11,4% entre 2015 e 2016. O volume de carros caiu de 56 milhões de veículos para 46 milhões. Mas o mesmo relatório mostra que o lucro da empresa foi estável no mesmo período: caiu de R$ 72,9 milhões para R$ 72,5 milhões, um decréscimo de 0,5%.
 
 “Ainda assim, um resultado que nós podemos considerar bastante positivo” disse a senadora, destacando que a própria concessionária admite que o resultado decorre dos reajustes tarifários.

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