Segunda, 29 Abril 2024

Algoritmos: viés na tecnologia moderna

A crescente integração da inteligência artificial (IA) em várias esferas da sociedade brasileira traz consigo uma série de preocupações, especialmente no que diz respeito à discriminação algorítmica. Este fenômeno, como apontado pela pesquisadora Joy Buolamwini, reflete-se na maneira como os algoritmos reproduzem e amplificam vieses étnico-raciais, impactando negativamente comunidades marginalizadas no Brasil.

Buolamwini, renomada cientista da computação e ativista, tem sido uma voz proeminente na denúncia dos vieses algorítmicos, especialmente no que se refere à representação inadequada de pessoas negras em tecnologias de reconhecimento facial e outros sistemas de IA. Seu trabalho pioneiro revelou como esses sistemas podem falhar em reconhecer com precisão indivíduos de diferentes grupos étnico-raciais, resultando em consequências desproporcionais, como exclusão e injustiça.

No contexto brasileiro, onde as disparidades étnico-raciais são evidentes em várias áreas, desde o mercado de trabalho até o sistema de justiça criminal, a discriminação algorítmica assume um papel ainda mais preocupante. Por exemplo, em processos de seleção de emprego, algoritmos de triagem de currículos podem inadvertidamente favorecer candidatos brancos em detrimento de candidatos negros, perpetuando assim a desigualdade de oportunidades.

Além disso, a questão da violência também está intrinsecamente ligada à discriminação algorítmica. Sistemas de policiamento preditivo, que utilizam algoritmos para prever áreas de alta criminalidade, podem acabar direcionando recursos policiais de maneira desproporcional para comunidades de baixa renda e majoritariamente negras, exacerbando assim o ciclo de violência e criminalização.

Diante desses desafios, é importante adotar medidas para mitigar os efeitos da discriminação algorítmica e promover uma IA ética e inclusiva no Brasil. Isso inclui a implementação de regulamentações rigorosas que garantam a transparência e a equidade no desenvolvimento e uso de algoritmos, bem como a promoção da diversidade nas equipes de desenvolvimento de IA para garantir uma representação mais ampla de experiências e perspectivas.

A luta contra a discriminação algorítmica no Brasil exige uma abordagem multifacetada e colaborativa, que reconheça e aborde os vieses existentes em nossos sistemas de IA e trabalhe para garantir que todos os cidadãos, independentemente de sua origem étnico-racial, possam desfrutar igualmente dos benefícios da tecnologia.


Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
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