Sexta, 03 Mai 2024

Balão de ensaio?

A informação que vem sendo ventilada no mercado político de que Paulo Hartung está sendo sondado para disputar as eleições para governador em 2014, pelo menos por ora, não passa de um “balão de ensaio”.



É bem verdade que os seguidos reveses sofridos por Theodorico Ferraço, que quase lhe custaram a reeleição à presidência da Assembleia Legislativa, abalaram o ex-governador. Afinal, Ferraço estava com um assento privilegiado na mesa que vai definir o jogo político da sucessão ao Palácio Anchieta. E, de repente, as denúncias da Derrama quase puseram tudo a perder.



A aflição foi grande porque o deputado tem a incumbência de ser mão de Hartung e de outros aliados nessa mesa. A manobra protelatória do procurador-geral de Justiça Eder Pontes – que não ofereceu denúncia contra o deputado -, no entanto, garantiu sobrevida ao cachoeirense, e por tabela, a Hartung e companhia.



Ferraço, em função das denúncias desveladas pela Operação Derrama, pode até balançar, mas dificilmente cairá até completar o seu novo mandato de dois anos à frente da Assembleia. Depois disso, não se sabe.



Com os pactos firmados em torno da manutenção de Ferraço na presidência da Casa, a queda do demista, a esta altura do campeonato, já não interessa ao governador Renato Casagrande, que foi um dos avalistas do projeto de reeleição do deputado.



Por isso, passa a não ser coincidência que a informação sobre o virtual interesse de Hartung de se credenciar à corrida de 2014 tenha sido ventilada justamente no momento em que o acordo para manter Ferraço foi reafirmado.



Talvez Hartung só esteja querendo pôr “grilos” na cabeça de Casagrande, que até a PEC da reeleição e a recente avalanche de denúncias envolvendo o presidente da Assembleia vinha caminhando em campos plácidos, cultivando com cautela a harmonia do seu arco de alianças que dá sustentação ao seu governo e, consequentemente, ao projeto de reeleição no próximo ano.



É importante lembrar, também, que a manobra pode ser uma estratégia para Hartung lançar um espectro no imaginário da classe política de que ele estaria voltando em condições de mudar os rumos do jogo político de 2014, com novas regras e tudo o mais.



Há mais de dois anos na planície e após ter se sentido desprestigiado com os resultados das últimas eleições passadas, cujos seus principais candidatos foram reprovados pelas urnas, Hartung, mais do que alimentar a sua vaidade, talvez esteja mais preocupado em resgatar capital político que possa ajudá-lo a blindá-lo do que vem pela frente.



Afinal, as denúncias que passaram a pipocar de 2011 para cá – Lee Oswald, Pixote e Derrama – só para citar as três mais vultosas – envolvem diversos personagens ligados ao ex-governador. As operações, nenhuma finalizada, ainda prometem trazer novas revelações a qualquer momento.



O momento é de desconforto para o ex-governador. Ele deve ter a sensação de estar no meio de um campo minado, no qual as explosões vão se sucedendo cada vez mais perto dele, algumas já lançando estilhaços ruidosos sobre a sua imagem.



Cada vez mais desterritorializado, a nota do possível retorno pode ser uma jogada desesperada para recuperar capital político e territórios perdidos. A estratégia, em última análise, pode ser uma questão de sobrevivência.

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