Domingo, 28 Abril 2024

Cada um tem o satanás que merece

Que o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) representa um retrocesso para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara não resta a mais remota dúvida. Agora é preciso considerar que o pastor não chegou à presidência da Comissão sozinho. 

 
Todos sabem como funciona a distribuição das comissões nos parlamentos, seja em nível municipal, estadual ou federal. As presidências das comissões são definidas a partir de acordos políticos. Não se faz sorteio dos nomes que irão compor cada uma das comissões. Tudo é previamente combinado nas mesas de negociações com as lideranças dos partidos. 
 
O critério utilizado para decidir quem vai ficar com o que considera normalmente o porte dos partidos. Os mais parrudos (maiores bancadas) ficam com as comissões politicamente mais estratégicas, já os mais “franzinos” (menores bancadas) levam as de menor importância. Em outras palavras, quem pode mais...
 
Ao que parece, o PT dormiu no ponto na hora de “rifar” a Comissão de Direitos Humanos. Caiu logo nas mãos de um deputado que milita justamente na contramão das causas que a comissão deveria defender. 
 
Nesta terça-feira (2), a deputada Iriny Lopes, que já presidiu a comissão, anunciou que entrou com uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Feliciano. A petista alega que o pastor teria declarado que a comissão, antes da chegada dele, era dominada por “satanás”, e se sentiu ofendida com a heresia do colega. 
 
Não precisamos escrever que somos contrários à manutenção do deputado Feliciano à frente da comissão, mas a manobra do PT, delegada à deputada Iriny, é tão paradoxal quanto a escolha de um reacionário para presidir a Comissão de Direitos Humanos 
 
Ora, se é o PT que comanda o jogo político, por que o nome de Feliciano não foi vetado pelo partido da presidente Dilma antes de causar todo esse furdunço? Será que o PT não sabia para quem estava entregando a Comissão de Direitos Humanos?
 
É mais provável que o “olho gordo” dos deputados do PT ambicionando as comissões mais valiosas, acabou deixando passar despercebida a comissão hoje comandada pelo pastor do PSC. 
 
Agora, querer “exorcizar” o pastor na marra da comissão ou até mesmo da Câmara (alguns querem a cassação) para tentar corrigir um erro cometido pelo próprio partido, não parece ser a estratégia mais sensata a ser adotada pelo PT, tampouco pela deputada Iriny Lopes, que parece estar entrando numa tremenda fria. 
 
Que cada um agora conviva com os seus satanases. 
 
Em tempo: e o que dizer do deputado Blairo Maggi (PR-MT) na presidência Comissão de Meio Ambiente? Todo mundo sabe que Maggi é inimigo declarado das causas ambientais. Se a opinião pública apertar, será que os deputados também vão arrumar uma quebra de decoro para se livrar do ruralista?

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