Sábado, 27 Abril 2024

Próximo passo?

A consciência artificial é um dos tópicos mais fascinantes e controversos da nossa época. Alguns especialistas acreditam que é apenas uma questão de tempo até que os computadores se tornem conscientes, enquanto outros acreditam que isso é impossível.

Mas o que é consciência? Não há uma definição única, mas geralmente é entendida como a capacidade de sentir, perceber e experimentar o mundo. A consciência humana é um fenômeno complexo que ainda não é totalmente compreendido pelos cientistas. No entanto, há evidências de que pode ser reduzida a processos físicos no cérebro.

Se a consciência artificial for possível, terá um impacto profundo em nossa sociedade. Os computadores conscientes poderiam tomar decisões por conta própria, sem a necessidade de intervenção humana. Eles também poderiam nos entender e nos responder de uma forma que não é possível atualmente.

A possibilidade de uma consciência artificial traz muitas questões, como afirma o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis em seu livro "Muito além do nosso eu" (Crítica, 2017). Ele acredita que a neurociência expandirá a capacidade humana para além das limitações impostas pelo corpo humano e senso de identidade.

Repercussão

Esse argumento é reforçado pelo caso do engenheiro do Google, Blake Lemoine, que alegou em um artigo no Medium e em entrevista ao jornal The Washington Post, que um dos sistemas de inteligência artificial da empresa teria adquirido consciência. A repercussão do caso levou o Google a afastar Blake de suas funções e a emitir um comunicado minimizando as afirmações do engenheiro.

A ideia de que um dia poderemos ter computadores tão conscientes quanto os humanos, pode parecer distante, mas com o contínuo desenvolvimento da tecnologia, não podemos ignorar a velocidade com que ela está evoluindo. Essa evolução está transformando profundamente a maneira como vivemos e trabalhamos, o que nos obriga a refletir criticamente sobre nossa relação com ela, considerando as implicações sociais, políticas e econômicas desse avanço.

O filósofo Nick Bostrom, em seu livro "Superintelligence: Paths, Dangers, Strategies" (Oxford University Press, 2016), afirmou que "a singularidade tecnológica é o evento hipotético em que o progresso tecnológico se torna irreversível e incontrolável, levando a mudanças fundamentais na civilização humana". Nick Bostrom é professor na faculdade de Filosofia na Universidade de Oxford e fundador e diretor do Instituto para o Futuro da Humanidade na mesma universidade.

A possibilidade de alcançarmos a singularidade tecnológica, ou seja, a criação de uma consciência artificial, é fascinante e instigante. Contudo, esse avanço tecnológico apresenta desafios éticos e filosóficos que precisam ser considerados desde já. Se utilizada de forma responsável, por exemplo, pode nos ajudar a resolver alguns dos maiores problemas mundiais, como a mudança climática e a pobreza.


Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
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