Faltando pouco mais de duas semanas para a eleição, um problema assombra os candidatos. A falta de interesse do eleitor nas propostas apresentadas pelos candidatos. O programa eleitoral já não ajuda e a falta de recursos para as campanhas também complica a vida dos candidatos. Mas, mesmo que não houvessem esses problemas, a resistência da população já é um obstáculo difícil de ser transposto.
O movimento de rejeição à classe política que ficou bastante latente nas manifestações de junho do ano passado e o que naquele momento pareceu uma forma de contestação do sistema político atual, neste momento, ganha um contorno muito preocupante.
A rejeição da população à classe política envolve uma falta de informação que se agrava a cada eleição. Além da falta de conhecimento sobre as funções de cada cargo que está em disputa no pleito, os eleitores não se interessam em conhecer os candidatos, muito menos seus históricos.
Isso acaba beneficiando candidatos duvidosos, com histórico não tão invejável. Também dificulta a vida de quem está começando e tem ideias novas a apresentar para o eleitorado. Diante da barreira de convencer o eleitor, quem tem recall acaba saindo na frente.
É o que tem acontecido, por exemplo, com Paulo Hartung (PMDB), que depois de oito anos no governo conseguiu criar uma marca positiva, até porque contou com a ajuda da imprensa corporativa para isso. Isso tem ajudado inclusive nas pesquisas. Quando o entrevistado não conhece os candidatos, diante da apresentação do nome do ex-governador, acaba se identificando.
Agora imagina isso no universo com mais de 570 candidatos a deputado estadual e quase 200 a federais. Nesse cenário concorrido, eles têm alguns segundos para se apresentar ao eleitor no horário eleitoral. Quem perde com isso é o próprio eleitor, que escolhendo pelo primeiro nome que lhe vem à cabeça está arriscado a cometer um erro que pode ter consequências por quatro anos.
Fragmentos:
1 – Chegando à última quinzena antes da eleição, o material de campanha ainda está racionado. Não se vê a mesma profusão de panfletos e adesivos de outras eleições.
2 – Mas, quando chegar a véspera da eleição será inevitável o chamado “voo da madrugada”, a desova de materiais que colorem e poluem as ruas no dia da votação.
3 – O deputado estadual e candidato ao governo, Roberto Carlos (PT), deve se beneficiar um pouco do deságue dos votos nesta reta final.