Passados dois meses de governo, a ladainha do cofre vazio segue pautando a ordem política no Estado. De um lado, a equipe do governador Paulo Hartung (PMDB) segue pregando o caos e culpando o antecessor. Do outro, a equipe do ex-governador Renato Casagrande (PSB) segue rebatendo os ataques do governo atual.
A persistência nesse embate por parte do peemedebista começa a fazer sentido, no momento em que se volta o olhar para fora desta disputa. O início do governo Paulo Hartung tem problemas e o desvio do foco ajuda a evitar o debate sobre os gargalos encontrados até aqui.
Duas secretarias estão com titulares interinos. Anunciados os secretários efetivos, o que vai ficar do período dos interinos? O que foi feito na Secretaria de Turismo e de Esportes do Estado nos últimos dois meses? Há quem diga que ambos estão apenas ocupando espaço, não há nenhuma produção nas pastas.
Até onde vai o ferimento causado pelos cortes no orçamento da estrutura do governo? Qual o prejuízo de um início de aulas sem pessoal em secretaria, bibliotecas e até na conservação das escolas? E as escolas que sequer conseguiram iniciar o ano letivo?
O corte na Segurança atingiu apenas o combustível ou há redução do número de viaturas em circulação? Por que a Secretaria de Agricultura vai mudar de lugar? E para onde vai? A mudança é realmente necessária?
Cortar o Fundo Cidades é uma questão de falta de recursos ou uma maneira de ter novamente os prefeitos sob a bota do Executivo? O que está acontecendo de fato na área da saúde? São questões que planilhas e Power Points não estão conseguindo responder.
Vale refletir sobre o papel do ex-governador. Até aqui ele vem cumprindo o prometido de defender seu legado. Mas isso não é suficiente. Renato Casagrande tem de colocar luz sobre as questões relativas à estrutura do governo do Estado. Se conhece bem a casa, tem de apontar os problemas na reforma.
Sem um discurso forte e agregador que blinde seu governo e lustre sua vitrine, Paulo Hartung tem apostado na disputa com o retrovisor para evitar questionamentos sobre os movimentos iniciais de sua nova gestão. Por isso, todo cuidado é pouco em ficar alimentando demais essa disputa, sem olhar o que está acontecendo além dela.