Sexta, 03 Mai 2024

Doce pecado

 

Por volta de 1503, o toscano Michelangelo recebeu do Papa Julio II a encomenda de decorar seu mausoléu, Contra sua vontade, foi ainda convencido a pintar o teto da Capela Sistina. Contudo, cenas como “A Criação de Adão e Eva” e “A expulsão do Paraíso” foram motivos de muita polêmica, por apresentarem corpos nus. 
 
“Maja desnuda”, do espanhol Francisco Goya, pintada entre os anos de 1797 a 1800, foi outra obra que rendeu muita dor de cabeça pois, pela primeira vez na história da arte, uma mulher era representada com os pêlos pubianos à mostra. O caso foi tão complicado que, no ano de 1815, Goya teve que se explicar diante da Santa Inquisição Espanhola. 
Na fotografia as coisas também não foram diferentes. Oscar Gustave Rejlander (veja o artigo Photoshop antes do Photoshop), quando expôs sua principal obra, “Duas Formas de Vida”, em 1857, foi censurado e teve que cobrir sua fotografia com um pano preto. Os visitantes eram advertidos do conteúdo da imagem antes de abrirem a cortina. A polêmica só teve fim quando a rainha Victória, da Inglaterra, comprou a obra. 
 
Entre muitos outros incidentes desse tipo, um caso mais recente envolveu o fotógrafo Robert Mapplethorpe, que em 1989 teve sérios problemas com deputados americanos, revoltados com os nus masculinos apresentados numa exposição em Washington. 
 
Porém, engana-se quem imagina que a exposição de corpos nus já não choca ninguém. Essa semana, uma estudante de uma universidade americana, realizando seu projeto final de graduação, teve todo seu trabalho censurado, tendo que refazê-lo na última hora. Tudo porque seu trabalho é um foto-documentário sobre as atividades das strippers americanas. Nada de sexo ou nudez explícita contra ela. A alegação foi de que a fotografia possui um referencial mais direto e explícito com a realidade do que as outras artes e, por isso, ainda consegue “pecar”. 
 
A imagem da semana é O Assassinato de Inejiro Asanuma, em 1960 no Japão. A imagem foi feita pelo fotógrafo, Yasushi Nagao, instantes depois de do extremista de direita desferir o golpe fatal diante das cameras de TV, e ganhou o Pulitzer Price no mesmo ano.
 


Glauco Frizzera é fotógrafo com mestrado em Fotografia pela Barry University. Mestrando em Bussiness and Administration, é vencedor do prestigiado Prêmio Photoshop Guru Award. Visite o site glaucofrizzera.com. Para entrar em contato com a coluna, envie email para

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