Eleição limpa
As eleições municipais deste ano foram as primeiras sob a vigência da Lei da Ficha Limpa, um importante instrumento para a melhoria da qualidade da política. Mais do que uma simples barreira às pretensões de políticos cassados e condenados, a nova legislação permite que novos tipos de candidatos venham ao palco da arena política, além de servir como uma clara mensagem ao eleitor sobre a responsabilidade de seu voto.
Nas eleições desse domingo (7), podemos acompanhar bons exemplos vindos de todos os estados com a rejeição de políticos que representam um antigo modo de fazer política. Assim como a sinalização de tempos melhores, sobretudo nas câmaras municipais – principal alvo de práticas clientelistas, um desserviço à sociedade como um todo.
Na Grande Vitória, o grau de renovação nas casas legislativas ficou próximo ou pouco superior à metade do atual plenário, média histórica registrada nas eleições em Vitória, Serra e Vila Velha. Em Cariacica, foram reeleitos apenas três dos 19 atuais vereadores, um percentual de renovação próximo a 85%.
Talvez o exemplo do Legislativo cariaciquense ilustre bem o fenômeno das novas demandas de uma sociedade cada vez mais informada e articulada. No final do ano passado, os vereadores do município aprovaram um aumento de quase 70% nos salários, fato que não foi acolhido pelos moradores, que passaram a utilizar as redes sociais para alertar contra a permanência dos vereadores favoráveis ao aumento.
O resultado foi o elevado nível de insatisfação com os trabalhos da Câmara detectado por pesquisas de opinião neste ano. O levantamento indicou que a rejeição no município era a maior entre as câmaras da Grande Vitória. E a resposta definitiva acabou vindo das urnas, com a derrocada de dez vereadores que disputavam a reeleição.
Dentro da conjuntura das câmaras municipais, podemos destacar a mudança no perfil do Legislativo. Na Capital, por exemplo, os nomes ligados às boas práticas receberam a aprovação do eleitor, caso das expressivas votações obtidas pelos vereadores Fabrício Gandini (PPS) e Max da Mata (PSD), mais bem votados do pleito. Da mesma forma com a eleição de novos nomes, como o professor Vinicius Simões (PPS) e do tucano Luiz Emanuel Zouain, que vão estrear no cargo.
Na Serra e em Vila Velha, os novatos também devem contribuir para a oxigenação das câmaras que passaram por períodos de turbulência. Como esquecer do escândalo da compra de bombons e casquinhas de siri no Legislativo canela-verdade? Na Serra, o movimento sindical será representado por Aécio Leite (PT), enquanto Vila Velha contará com a juventude de dois empresários, Arnaldinho Borgo (PMN) e Osvaldo Maturano (PMDB), que também preside o Sindicato das Auto Escolas no Estado (Sindauto).
Mais do que renovar a composição das câmaras, a população precisa sair da posição de simples espectador para protagonizar o processo político. Seja acompanhando as atividades dos vereadores, conhecendo a rotina dos gabinetes, monitorando os gastos por meio dos portais da Transparência, ou assistindo às sessões ordinárias.
É preciso que o cidadão faça parte da vida política do seu município. Para evitar o risco de se lamentar por quatro anos das suas escolhas. O momento político é propício para mudanças, mas para isso, o eleitor também deve se colocar como um agente modificador.
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