Impressões sobre a audiência pública realizada nesta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa, para “debater” o principal projeto de marketing do governo Paulo Hartung (PMDB), a Escola Viva. Número um: o secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha, se diz entendedor da área, já ocupou o mesmo posto na gestão passada de Hartung, coordenou a equipe de transição do novo governo, e nem assim conseguiu explicar o projeto. Esquivou-se de perguntas e adotou a estratégia da arte de falar, falar e não dizer absolutamente nada. Tremeu, literalmente. Número dois: os aliados de Hartung foram incapazes de amenizar o tiroteio e se viram obrigados a recuar. Número três: a presidente da Comissão de Educação, Luzia Toledo (PMDB), não segurou a voz do povo presente na Casa e foi até debochada em determinados momentos. Número quatro: quem realmente fez a diferença foi a comunidade escolar – professores, alunos, diretores e etc. –, que deu um show de argumentação, colocando todos os pingos nos seus devidos “is”. Conclusão: no primeiro embate com a sociedade civil, Hartung e sua equipe, que de bandeira social não têm nada, perderam de lavada.
Piada
A propósito, perguntado mais de uma vez se colocaria seus filhos ou parentes numa Escola Viva, Haroldo primeiro fingiu que não ouviu, depois respondeu que sim. Sem comentários.
Encruzilhada
Diante do massacre, o mais hartunguete dos hartunguetes, o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto, andava de um lado para outro, mais perdido do que cego em tiroteio. O embate deixou exposto, mais uma vez, a fragilidade da equipe do atual governo.
Detalhe…
O Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), escolhido para fazer a gestão das escolas “vivas” de Hartung, é financiado pela entidade ES em Ação, que representa o empresariado capixaba, parceiro de longa data dos governos Hartung.
Arranhões
Que a Assembleia irá se dobrar para votar esse projeto, todo mundo já sabe. Basta esperar para acalmar os ânimos. Mas o estrago está feito. O governador criou o projeto para se promover e acabou dando um tiro no pé.
Anota aí…
Dos deputados presentes, os únicos que falaram algo contundente durante a audiência foram Sérgio Majeski (PSDB), Bruno Lamas (PSB) e Sandro Locutor (PPS).
Mais duas na lista
A polêmica sobre os empenhos da gestão Renato Casagrande (PSB) ganhou novo capítulo. Depois do secretário de Segurança Pública, André Garcia, outras pastas determinaram aberturas de comissões de sindicância para apurar supostas irregularidades em despesas efetuadas no ano passado: Casa Civil e Ciência e Tecnologia.
Efeito inverso
As suspeitas foram lançadas pelo secretário de Transparência, Marcelo Zenkner, que já sofreu um revés após a conclusão da primeira auditoria feita pela Casa Militar. Não foram encontradas irregularidades da gestão passada, e sim a anulação equivocada dos empenhos pela atual equipe, que não tem medido esforços para queimar Casagrande.
Mal das pernas
O deputado estadual Rodrigo Coelho (PT) se derrete para Hartung, dizendo que ele vai resolver logo, logo o problema dos hospitais filantrópicos e, de quebra, tenta dividir os louros pela articulação. Mas está difícil, viu. Fora a aliança cega com o governador, Coelho vai mal no seu reduto eleitoral, Cachoeiro de Itapemirim. A faixa do protesto de domingo (15) não me deixa mentir: “fora Casteglione e leve o Rodrigo Coelho junto”.
Pretensões eleitorais
André Gomyde, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV) e do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais de Ciência e Tecnologia, assinou sua ficha de filiação no PTB.
Nas redes
“Parece que o PSDB já sinaliza aproximação do PMDB de Cunha e Calheiros. Aqui no Estado já estão formalmente juntos”. (Advogado André Moreira – PSOL – no Facebook).
PENSAMENTO:
“São os cidadãos que constroem a sociedade, não o governo”. Victor Civita