Domingo, 28 Abril 2024

Haja paz na Maranata

 

Vou logo avisando: este artigo eu escrevo sem quase nenhuma isenção. Quem gostar disso, siga em frente. Quem achar ruim que um jornalista não escreva isentamente, e assuma isso, já muda e não perde seu precioso tempo, que não pode ser recuperado.
 
Volto a falar sobre a questão Maranata porque a considero importante, não apenas para os que se agrupam sob o seu manto denominacional, mas para todos os cristãos, evangélicos ou católicos, e até para a sociedade como um todo, que fica sendo bombardeada por informações sobre o grupo religioso. Não se iludam: quando um dedo sofre, sofre todo o corpo. Isso vale para toda a sociedade.
 
Considero que a crise na Maranata acabou e vou tentar explicar a razão de crer assim. A composição (ninguém seja tão ingênuo para imaginar que um juiz se coloque no lugar de Deus,embora alguns até possam pensar que o sejam, para decidir sobre uma questão tão delicada sem buscar muitos aconselhamentos) em torno da intervenção administrativa na igreja foi construída de forma muito mais consciente desta vez.
 
Estranhei desde o princípio o instrumento da intervenção, porque a igreja é laica e separada do Estado.  Vejo, como cidadão, uma intervenção judicial numa igreja, ainda que apenas do ponto de vista administrativo, absolutamente, contra os preceitos constitucionais. Não sou jurista, olho com outros olhos. Talvez os juristas encontrem uma explicação para isso, mas ainda não estou convencido.
 
De todo modo, foco na figura do novo interventor.  O coronel Júlio Cezar Costa, aviso de novo, de quem não falo com imparcialidade, eu acompanho desde que foi para a Academia em Recife, no auge de sua juventude. Sua carreira como funcionário público é irretocável. Pelo contrário, talvez seja o servidor capixaba de carreira mais conhecido e reconhecido no Brasil e no Exterior por sua dedicação intelectual ao tema Segurança Pública.
 
O pastor Júlio Cezar eu não conheço, porque não somos da mesma denominação, mas alguém que vem de uma igreja tradicional e passa 19 anos ajudando a construir sua denominação, que, convenhamos, é séria, a despeito do comprovado desvio administrativo e fiscal de alguns de seus líderes, sem que sua conduta em qualquer momento tenha sido questionada, é alguém que carrega valores imensuráveis.
 
Como servidor, o coronel deu a cara para bater várias vezes, seja sobrepondo aos seus superiores a sua inteligência e de um grupo, na época, de jovens oficiais dispostos a mudar o jeito de fazer Polícia no Espírito Santo e no Brasil, seja demonstrando competência administrativa quando convocado pelo governador a comandar a, então, conturbada Empresa de Processamento de Dados (Prodest), ou como “soldado” para criar o até hoje mais interessante e eficiente programa de segurança que o Estados jamais viu, e que foi copiado por vários Estados brasileiros e até alguns países latino-americanos, mas abandonado aqui dentro por mesquinhez política.
 
Polêmicas, envolveu-se em muitas, porque não se pode ocultar uma cidade edificada sobre os montes e o que não choca, gora na véspera. Destemperou-se numa ligação para o Ciodes para garantir a integridade física de um amigo inseguro ao ser abordado numa blitz policial e quase foi crucificado, publicamente, por isso, quando o verdadeiro crime na questão foi  ocultado: o vazamento da gravação de sua conversa com seus subalternos.
 
Pagou o preço que tinha de pagar pelo seu destempero verbal, embora não tenha dito nada além do que se fala no meio do povo, mas que não fica bem saindo da boca de um coronel, de quem se espera equilíbrio em todos os momentos, ainda que, no fundo, ele seja um ser humano outro qualquer. Do ponto de vista das leis, livrou-se de todas as acusações. Ponto para ele.
 
Existem pessoas certas para o lugar certo. Ouso arriscar a opinião de que a crise acabou. O "interventor" tem competência para estar onde está, conhece a doutrina de seu povo, e tem cultura política na melhor acepção da palavra. Haja paz na Maranata, como desejamos para todo o meio cristão e não cristão, para que todos possamos viver melhor.
 


José Caldas da Costa é jornalista, licenciado em Geografia. Escreve neste espaço, semanalmente, como colaborador. Contatos:
 
    

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