Sábado, 27 Abril 2024

​IA e a nova inteligência

Na era da Inteligência Artificial (IA), o conceito de inteligência passa por uma transformação notável. Se voltássemos para 1920, uma pessoa comum seria considerada intelectualmente limitada em comparação aos padrões atuais. Até mesmo um físico renomado do Século XX, que era considerado um gênio em sua época, mal alcançaria a média nos dias de hoje. E o indivíduo comum de hoje seria considerado altamente talentoso em 1920.

Ao longo dos séculos, a valorização da inteligência tem evoluído. Na Grécia Antiga, a razão, a lógica e a busca pelo conhecimento eram os pilares que definiam a inteligência. Durante a Idade Média, havia uma conexão entre fé e intelecto. Durante o Renascimento, o potencial humano foi explorado e associou-se à inteligência e à criatividade artística, além do pensamento inovador.

A Era do Iluminismo trouxe racionalidade e conhecimento empírico para o centro das atenções. No final do Século XIX e início do Século XX, medir e pontuar a inteligência tornou-se comum através dos testes de QI. No entanto, mentes visionárias como Howard Gardner expandiram essa definição ao reconhecerem a natureza dinâmica e adaptável da mente humana.

Hoje, muitos veem a inteligência menos como algo medido por testes formais de QI e mais como uma habilidade para navegar, se adaptar e prosperar no cenário globalizado em constante mudança da era digital.

Em um mundo onde a IA se torna cada vez mais presente, surge a necessidade de distinguir a inteligência humana. Embora a IA se sobressaia em tarefas lógicas e mensuráveis, ela enfrenta dificuldades em áreas como intuição, julgamento e criatividade, que são características reservadas ao reino do hemisfério direito do cérebro.

Aqui reside a próxima fronteira da inovação em inteligência humana: a explosão da criatividade e intuição. Ideias surpreendentes, provenientes de fontes aparentemente obscuras, serão o trunfo nos tempos vindouros. Graças à neuroplasticidade, podemos treinar nossos cérebros para serem mais intuitivos e criativos.

À medida que a IA e o aprendizado de máquina se tornam mais comuns em certos aspectos limitados da inteligência humana, eles também fornecem os fundamentos para expandir e facilitar essas formas naturais de inteligência.

A questão permanece: a IA é capaz de ser criativa? Embora tenha demonstrado habilidades surpreendentes em testes de criatividade, a verdadeira criatividade, que envolve discernimento e intuição, ainda está além do alcance dos modelos atuais de IA.

Enquanto a IA molda o futuro, devemos lembrar que ela é uma ferramenta para ser usada em benefício do desenvolvimento das capacidades humanas. Ela tem o potencial de desbloquear dimensões da inteligência que foram subestimadas por muito tempo, reintroduzindo uma visão holística do mundo.

Este é o desafio e a oportunidade que a IA nos oferece. A evolução da inteligência humana está em andamento e cabe a nós abraçar e moldar esse futuro, utilizando a IA como uma parceira, não como uma adversária.


Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
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