Quarta, 08 Mai 2024

O preço da governabilidade

Em Brasília, Renan Calheiros (PMDB-AL) retomou para o comando do Senado. Nesta segunda-feira (4), foi a vez da Câmara dos Deputados escolher o sucessor de Marco Maia (PT-RS). O favorito dos dois maiores partidos da Casa, PT e PMDB, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), foi eleito sem maiores problemas. No Espírito Santo, o Legislativo reelegeu Theodorico Ferraço (DEM) para a presidência da Assembleia na sexta-feira (1).



O que Calheiros, Alves e Ferraço têm em comum? Os três colecionam processos na Justiça. Entretanto, as máculas nos currículos - que não poucas - não foram, até agora, determinantes para tirar-lhes a vitória. 



Mas, se há semelhanças entre os eleitos, há também entre os seus "eleitores". Enquanto em Brasília Dilma endossou as candidaturas de Calheiros e Alves, no Espírito Santo, o governador Renato Casagrande também fez as vezes de cabo-eleitoral de Ferraço.



O que há em comum entre Dilma e Casagrande? Ambos querem manter a qualquer custo a governabilidade e, para isso, precisam manter a base coesa. A presidente petista e o governador socialista entendem que o carimbo no passaporte rumo à reeleição 2014 passa necessariamente por essa “obra de engenharia política” chamada arco de alianças - cada dia maior e com encaixes mais complexos.



Fiando que essa estratégia é vital para as pretensões eleitorais de 2014, Dilma e Casagrande mostraram essa semana que estão dispostos a fazer verdadeiros sacrifícios (leia-se apoiar “fichas sujas”) para manter a coalizão.



Tanto Dilma quanto Casagrande assinaram um cheque em branco e agora passam a rezar fervorosamente para que nada aconteça com seus presidentes até o desfecho do processo eleitoral de 2014. Depois... Não se sabe.



Por aqui, além de Casagrande, os deputados (todos – exceção a Freitas que faltou à sessão e Olmir Castiglioni que não havia assumido a cadeira) que endossaram o nome de Ferraço também já iniciaram suas preces para manter "fechado" o corpo de Ferraço. Eles torcem para que a Derrama não jogue mais estilhaços no presidente da Assembleia, pois agora estão todos debaixo do mesmo telhado que, sem dúvida, é de vidro.



Dilma e Casagrande sabem que passarão este período que separa as eleições no fio da navalha. Em Brasília, o PMDB, insaciável por poder, passa a ter o comando das duas casas. Uma condição de causar inveja a qualquer partido. A concentração de poder também permite que os peemedebistas, a qualquer momento, ponham a faca no pescoço da presidente Dilma cada vez que a fome por cargos aumentar.



Em terras capixabas, a reeleição de Ferraço - graças à busca pela governabilidade e ao apoio providencial do procurador-geral de Justiça Eder Pontes - põe o cachoeirense de volta ao jogo político de 2014, em posição de destaque.



Para quem estava quase jogando a toalha há uma semana, o deputado do DEM entrou fevereiro com o pé direito: tiraram sua mulher da cadeia (a ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub); seu candidato a prefeito de Guarapari, Orly Gomes (DEM), venceu as eleições na sombra do seu eterno aliado, o ex-prefeito Edson Magalhães (sem partido); e Ferraço, com a reeleição, deve se manter blindado, no mínimo, por dois anos dos infortúnios da Derrama.



No final das contas, Theodorico Ferraço, Renan Calheiros e Henrique Alves, apesar do acervo de processos, provaram que a governabilidade está bem acima das questões éticas e morais, valores que deveriam regular a prática política. 

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quarta, 08 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/