O ex-delegado de Delitos do Trânsito Fabiano Contarato passou dos limites. Até seu fiel “fã clube”, que costuma idolatrá-lo a cada nova postagem nas redes sociais, já se divide diante das posições contraditórias do superdelegado. Nessa segunda-feira (8), o delegado preparou mais uma de suas surpresas bombásticas. Ele usou o Facebook para postar uma “carta aberta ao povo capixaba”.
No texto, sempre desopilando o fígado, o delegado chama o governador de omisso em mais um de seus “ataques” de indignação. Contarato, a exemplo de uma criança mimada que faz birra porque não suporta ser contrariado, já começa a cansar a beleza até de parte de seus seguidores mais fiéis.
À primeira vista, o assunto que motiva a publicação da carta é episódio envolvendo a Delitos de Trânsito e o Detran-ES. O polêmico caso das listas com os nomes do motoristas com habilitações cassadas que teriam sido negadas ao delegado pelo órgão de trânsito. Controvérsias à parte, no final da carta fica claro que todo o chororô não passa de um pretexto para o delegado declarar apoio ao candidato ao governo pelo PMDB, Paulo Hartung.
Da polêmica com o Detran-ES, o delgado dá uma guinada, do nada, para falar do momento político e assumir apoio à candidatura de Hartung. Alguns seguidores de Contarato nas redes sociais perceberam o solavanco do texto e reprovaram o posicionamento do delegado, que até outro dia tinha náuseas ao falar de política. “(…) E, democraticamente, tomo a liberdade de manifestar meu apoio integral à candidatura do ex-governador, Paulo Hartung, ao Governo do Estado, o qual tem assumido posições claras e firmes para que a impunidade e a corrupção não prosperem na administração pública”.
O delegado, que ficou à frente da Delito de Trânsito durante 12 anos, dizia que se sentia confiante para comparar as duas gestões. Afirmou, com todas as letras, que a gestão de Casagrande era melhor, que o socialista era mais humano e coisa e tal.
A mudança repentina de posição suscita duas hipóteses. A primeira: ou Contarato é um sujeito extremamente vingativo (e não esse espírito elevado que acredita ser), e quis mostrar para Casagrande que não engoliria a afronta do Detran-ES calado (sem contar que o delegado exigia do governo uma superintendência da Polícia Civil e não foi atendido, o que também pode ter ferido o seu ego). A segunda é mais simples. Contarato foi seduzido pelo ex-governador, que pode ter lhe prometido mundos e fundos em troca de apoio.
Afirmar que Hartung tem “posições claras e firmes para que a impunidade e a corrupção não prosperem na administração pública” é a coisa mais contraditória que Contarato poderia declarar. O delegado jurava de pés juntos que jamais abriria mão de seus princípios, e justificou que esse foi um dos motivos que o fez desistir da política. Ele se sentiu incapaz de fazer política porque entendeu que o ambiente sujo e perverso não servia para ele, mas fez pior. Passou recibo para Hartung representá-lo, justamente um homem público que é acusado de denúncias de corrupção. Será que Contarato pensa que somos todos idiotas?