Domingo, 28 Abril 2024

Reforma já

Um elemento merece destaque nesta discussão sobre as obras do posto fantasma em Mimoso do Sul, que consumiu R$ 25 milhões sem sair da fase de terraplanagem: o interesse econômico. Presente nas campanhas eleitorais de 2006, 2008 e 2010, a empreiteira Araribóia aparece entre a beneficiada do esquema.



A empresa também aparece nas doações de campanha do ex-governador Paulo Hartung e do governador Renato Casagrande, além de outros agentes políticos que disputaram as eleições passadas. Pelo jeito, enquanto perdurar no sistema político o financiamento privado de campanha, esse tipo de aberração vai continuar acontecendo.



Em seu esboço de regimento interno, A Rede estabelece o não recebimento de financiamento de empresas produtoras de agrotóxicos, de bebidas e de tabaco, mas libera as construtoras, as empreiteiras, as poluidoras, ou seja, não diminui a influência econômica nas campanhas eleitorais.



As ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na eleição passada, com prestações parciais de contas e a divulgação – mesmo que a duras custas para o usuário do sistema – dos doadores de campanha foi uma tentativa de mostrar quem manda em quem. Mas ainda assim, não evitou que as brechas, sobretudo no enorme volume de doações ocultas, fossem bem aproveitadas na disputa do ano passado.



Durante anos, a Aracruz Celulose contou com o talento de seu ex-executivo Robinho Leite para escolher as peças nos tabuleiros eleitorais nos quais ela apostaria suas fichas. Deu tão certo que Robinho foi parar no governo do Estado e hoje é secretário de Planejamento.



Os membros da Ong ES em Ação vão além da campanha, compartilham o governo, elaboram projetos mostrando onde e como o governo deve investir. O resultado é um governo desenvolvimentista, com uma economia internacionalizada e pouca ou nenhuma política de atenção social, o que transformou o Estado na última década em um pobre estado rico. Para fora mostra todo seu desenvolvimento e se insinua para as grandes empresas. Para dentro deixa a ver navios a população à espera de uma resposta para suas demandas.



A solução para isso está no Congresso. Somente uma reforma política profunda, que acabe com a aberração das doações privadas pode trazer alguma mudança para o processo político, livrando as lideranças dos laços que a prendem ao poder econômico.



 

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