Triste varejismo
O governo vem se especializando na tomada de medidas tópicas, como a desoneração fiscal, para “ajudar” setores ou segmentos econômicos em dificuldades.
Já foram beneficiados os setores de construção, as indústrias automobilística e de eletrodomésticos e, agora, por último, a indústria de etanol.
Por um lado é bom ver que as autoridades não estão alheias ao que se passa nos mercados e nos bastidores da economia. Por outro, é triste perceber que essa destreza o varejo não é acompanhada por um movimento de organização de políticas econômicas visando ao longo prazo. Não há sequer debate
Do jeito que vai a coisa, o governo Dilma corre o risco de passar à história como uma administração ágil no varejo mas lerda/omissa no atacado.
Se fosse um time de futebol, o Brasil de Dilma seria criticado por sua mentalidade defensiva. Ambição de ataque? Nada disso, a meta é empatar o jogo, não deixando que a inflação passe de 5% ao ano (no momento, está em 6,5% e o pior é que não se sabe se foi gol contra, falha do goleiro ou frouxidão no meio-campo).
Com a pressão inflacionária emergente, o Ministério da Fazenda e o Banco Central entraram num corre-corre para enxugar gelo enquanto os agentes econômicos só pensam em descontar o prejuízo.
Os empresários reajustam os preços, os empregados reclamam aumento de salários e toda a economia mergulha numa espécie de marasmo, uns olhando para os outros, a ver quem se afoga primeiro.
O ciclo de vacas gordas do primeiro governo petista parece ter secado nas mãos da nova treinadora. Pior que na economia global se repete o mesmo processo entre países, bancos e empresas.
Por aí vemos que o sistema capitalista reproduz no âmbito econômico a lei da selva, segundo a qual na luta pela sobrevivência só permanecem os mais fortes, enquanto os fracos – a maioria -- vão se fundindo na lixeira da história.
A vida no planeta se tornou tão destrutiva que é lícito perguntar se não está na hora de se criar uma sociedade mais baseada na solidariedade do que na competição. No caso, a solidariedade não deveria ser apenas entre os sete bilhões de pessoas que formam a população global, mas desses bilhões de ditos civilizados com os animais, os vegetais e toda natureza, fonte de sua vida.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“O homem moderno não se experiencia a si mesmo como uma parte da natureza, mas como uma força exterior destinada a dominá-la e a conquistá-la. Ele fala mesmo de uma batalha contra a natureza, esquecendo que, se ganhar a batalha, estará do lado perdedor.” (E.F. Schumacher, economista inglês, autor do livro Small Is Beautiful, 1973)
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