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Um dia na vida de Gerard Bresh

Logo ao acordar, 7 da matina, Gerard leva o primeiro susto do dia – Lidina, a esposa, não dorme tranquila a seu lado. Corre para a janela e o carro dela não está ao lado do dele no estacionamento. Mas não há tempo a perder, e vai para o banheiro. Os dez minutos permitidos para o banho se esgotam antes que ensaboe o pé esquerdo. Para fazer a barba perde três minutos limpando o espelho da pia, embaçado por causa do banho quente demais.  E vai para…
 
No closet não encontra a camisa passada, a gravata já escolhida combinando com o terno que é um só. Veste-se apressado e vai para… Na cozinha não encontra o café passado, a torrada na torradeira, os ovos mexidos na frigideira. Ajeita-se com um copo de leite frio e uma banana. Seis minutos para encontrar a chave do carro, que não está onde deveria. O celular encontra logo, mas não está carregado. Após recolher os atributos necessários para um dia de trabalho vai para…
 
O trânsito, que todos os dias está péssimo, hoje está pior ainda. Mas não acusa os céus e o governo, porque se está ruim é que houve algum acidente, portanto, pior para outros. Devia ter  saído mais cedo,  mas ficou vendo até tarde aquele filme que todo mundo disse que era ótimo, mas achou muito sem graça. Ou dormiu no meio? Vinte minutos para achar uma vaga no estacionamento, e vai para…
 
Na porta do local de trabalho leva outro susto com a placa informando – FECHADO!  Como assim, fechado? O Josias não chegou ainda? Como não tem a chave da porta da frente, precisa dar uma longa volta por trás do prédio para acessar a porta traseira. Os dois ajudantes de cozinha cochilam sentados no meio-fio, esperando que alguém lhes dê acesso. Depois dos bons-dias habituais, Gerard vai para…
 
A cozinha do restaurante está às escuras, e quente feito forno ligado. Um dos ajudantes acende as luzes,  o outro liga o ar refrigerado. A essa hora, um restaurante que começa a atender os fregueses às onze já deveria estar agitado feito loja de brinquedos no natal. O resto do pessoal começa a chegar enquanto Gerard confere a lista de faltas e do que fazer na porta da geladeira. E vai para…
 
No escritório o telefone toca como sirene de carro de bombeiro. As más notícias se atropelam: uma das garçonetes não vem porque o filho está doente; Lidina informa que perdeu o cartão de crédito – perdeu ou não sabe onde pôs? O patrão quer lançar um novo prato; o cheque da prestação do carro voltou  – insuficiência de fundos; o bombeiro não poder vir consertar a pia vazando… Gerard vai destrinchando os problemas por ordem de prioridade, até o celular avisar que são quatro horas. E vai para…
 
Dorme na poltrona até ser despertado pelo celular com a Marcha Fúnebre, de Chopin… hora do patrão chegar. Gerard lava o rosto, penteia o cabelo,  veste o paletó, põe a gravata,  e vai para…  No salão os garçons preparam as mesas para os fregueses da noite, que os do almoço já longe vão.  Corre de um lado para o outro feito formiga que não acha folha pra carregar – tem que se multiplicar e estar em todo lugar ao mesmo tempo.  Quando o celular anuncia as 10 horas tocando  “Happy”, do Pharrell Williams, Gerard vai para casa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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