Quinta, 02 Mai 2024

Abertura da exposição sobre Rubem Braga é adiada

Abertura da exposição sobre Rubem Braga é adiada

 

Vitória será a primeira capital brasileira a receber a exposição Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar, que vai mostrar para os visitantes a grandiosidade de um dos filhos mais respeitados das terras capixabas. 
 
A mostra seria aberta nesta terça-feira (19). Mas as chuvas que castigam Vitória desde a madrugada desta terça forçaram o adiamento da abertura para o próximo dia 26 de março. A exposição ficará em cartaz até 26 de maio no Palácio Anchieta e marcará as atividades do centenário do cachoeirense que transformou a crônica em literatura. 
 
Depois de Vitória, a exposição seguirá para São Paulo e Rio de Janeiro e, por fim, para a Casa dos Bragas em Cachoeiro de Itapemirim.
 


Nela os visitantes poderão interagir com elementos e terão a oportunidade de se familiarizar com textos, documentos, correspondências, desenhos, pinturas, fotografias, objetos, depoimentos em vídeos e publicações, e mergulhar no universo deste escritor, nascido em Cachoeiro de Itapemirim, em 12 de janeiro de 1913.
 
Rubem Braga – O Fazendeiro do Ar será dividida em módulos temáticos: Capital Secreta do Mundo, Retratos, Redação, Guerra, Passarinhos, Musa e Cobertura, que abordarão sua infância em Cachoeiro de Itapemirim; o dia a dia em jornais como redator, repórter político e também de artes plásticas; e sua ação como correspondente de Guerra na Itália. 
 
Abordarão ainda sua paixão por passarinhos, tema recorrente de seus textos; as mulheres, representadas na exposição pela figura de Tônia Carrero, sua musa máxima; e sua lendária cobertura em Ipanema, no Rio, um pedaço do mundo rural em plena selva urbana, com pomar e passarinhos.  Rubem Braga morreu no Rio, em 19 de dezembro de 1990.
 
Cada um desses espaços terá uma concepção visual de modo a provocar no espectador a ideia de imersão no universo ali retratado. Assim, na sala Retratos, imagens do escritor, em diversas épocas de sua vida, ocupam uma parede. Em Capital Secreta do Mundo estarão dez caixas suspensas, que ao serem abertas revelam textos, documentos e fotos.
 
Em Redação, reproduções de páginas de jornal cobrirão paredes e chão, e dez mesas, típicas das existentes dos jornais da época, trarão um tema cada um, que será explorado pelo espectador a partir de tablets acoplados a antigas máquinas de escrever, como se fossem folhas de papel. 
 
As mesas temáticas, que mostram suas várias facetas, atividades e interesses, são: Espírito Santo, Manchete, Diplomata, O andarilho, Homem de Televisão, Editor, Repórter, Escritor, Arte, O Homem Rubem Braga.
 
No espaço Guerra, em uma mesa estarão dez telefones antigos, típicos dos anos 1940, que ao serem tirados do gancho, trarão músicas, jingles, trechos de programas de rádio e noticiário ouvidos na época da Segunda Guerra Mundial. E, pendurados no teto, aviões de papel, feitos na técnica japonesa de dobradura, o origami.
 
Em Passarinhos, uma câmera captará a imagem do visitante e a reproduzirá na parede, onde projeções de passarinhos vão pousar e voar, à medida que o visitante abaixar e levantar os braços. Na sala Musa, estarão frases de seus textos que mencionam as mulheres, plotados na parede sobre uma imagem ampliada da atriz Tônia Carrero.
 
E, no último espaço, Cobertura, será reproduzida sua famosa cobertura, palco de reuniões memoráveis com amigos artistas e intelectuais. Nela, serão projetados os depoimentos em vídeo de Ziraldo, Zuenir Ventura, Ana Maria Machado, Danuza Leão, Fernanda Montenegro, dentre outros.
 
Estarão na mostra vídeos com depoimentos de amigos próximos, que conviveram com Rubem Braga, como Ziraldo, Zuenir Ventura, Ana Maria Machado, Danuza Leão, Fernanda Montenegro, Lygia Marina, José Hugo Celidônio, dentre outros.
 


A curadoria da exposição é de Joaquim Ferreira dos Santos – ele próprio escritor, jornalista e cronista –, que mergulhou nos arquivos integralmente cedidos pela família de Rubem Braga para traçar o fascinante percurso da exposição. 
 
Joaquim afirma que “Rubem Braga, numa frase rápida, é o prazer de ler”. “Vai atravessar todas as gerações. Suas crônicas falam dos detalhes, das cenas cotidianas, dos consensos da humanidade, e são embrulhadas uma a uma com um texto que veste a roupa da língua comum.” 
 
Ele observa não ser à toa que chamam Rubem Braga “de o inventor da moderna crônica brasileira”. 
 
“O gênero já existia, vinha desde José de Alencar, passara pela maestria de Machado de Assis, a carioquice peripatética de João do Rio. Foi Rubem quem lhe acrescentou lirismo poético e a influência, bem humorada e coloquial, dos modernistas de 1922. É o formato que a gente conhece hoje, por exemplo, em textos de Veríssimo”, explica.
 
O curador destaca ainda que Rubem Braga é autor de crônicas que “hoje se alinham entre os clássicos brasileiros”.  “Ele é o autor de Ai de Ti, Copacabana, Aula de Inglês, Borboleta Amarela e dezenas de títulos, todos escritos originalmente para jornais e revistas, e que têm aquele sabor único, reconhecível às primeiras linhas”. 
 
“Nosso homem-centenário é o autor que misturou a roça de sua infância no Espírito Santo com as cenas cosmopolitas do Rio de Janeiro, para onde se mudou a partir dos anos 1930. Ele partiu do princípio dos mestres, a de que é falando de sua aldeia que um escritor pode ser internacional”, destaca Joaquim Ferreira dos Santos.
 
A mostra é uma realização do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio de suas secretarias da Cultura e da Educação, e do Ministério da Cultura.
 
Serviço
A exposição Rubem Braga – O Fazendeiro do Ar será aberta no dia 26 de março, às 20h, no Palácio Anchieta. Praça João Climaco s/n, Cidade Alta, Centro, Vitória. Visitação: terça a sexta-feira, das 8h às 18h, e sábado, domingo e feriados, das 9h às 17h. Até 26 de maio. Entrada franca.

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