Sábado, 27 Abril 2024

Análise: ???Amor é Tudo...???

Análise: ???Amor é Tudo...???

O cinema nórdico vem ampliando espaço a cada dia. A Suécia, que sempre foi pátria de vários filmes clássicos da cinematografia mundial, ressurge com produções menos ousadas, e a Dinamarca, terra do Dogma 95, continua a refundar um cinema intimista e cruel, mas cada vez olhando ao mercado internacional. 

 
Se por um lado o mercado torna os filmes passíveis de autofinanciamento, por outro sugam toda a inventividade regional, que muitas vezes dá o tom específico do filme. Dessa forma cria-se um cinema unitário, onde é similar em qualquer lugar do mundo, tanto que com a última onda globalizada vários atores Hollywood estão sendo importados para trabalhar em várias produções locais.
 
Ida (Trine Dyrholm) é uma cabeleireira que atravessa um período instável na vida: é diagnosticada com câncer de mama, traída pelo marido, e em vias de casar a filha. Na festa de casamento conhece o pai do noivo, Philip (Pierce Brossnan). Contrastes à parte, serão o suporte um do outro para sobreviverem à celebração.
 


A história melodramática é aliviada quando se esquecem todos problemas que carrega a protagonista, mesmo que seus problemas insistam em realçar: o marido presente, o casório que nunca sai, o genro parasita. 
 
Muitas vezes esta relação com seus problemas adquirem importância maior do que lhes é reservada na trama, ocasionando certo desconforto ou mesmo falta de confiança por parte do espectador. 
 
A caridade que falta no pai do noivo rapidamente é suplantada pela compaixão por uma mulher aparvalhada e feia, sem maiores explicações. Da mesma forma que os personagens só permanecem fiéis a seus papeis na medida em que ficam mais superficiais, alcançando um nível de alegoria social. Nesse ponto temos o burro, a feia, a chata, o sexy, etc.
 
Ao propor um corte esquemático nas relações sociais, o filme esbarra na superficialidade típica das comédias românticas de Hollywood, bem água-com-açúcar e sem necessitar nenhum pensamento mais astuto.
 
O título em dinamarquês tira toda a pieguice do filme em português, algo como “A cabelereira careca”, direto, mas nada pretensioso.
 
A diretora Suzanne Bier retorna a seus dramas intimistas globalizados, mas dessa vez inserta-se num universo americanizado correndo o risco de cair no clichê. Impossível não relembrar as torturas psicológicas de Festa de Família (1998), padronizadas e embaladas com uma estética mais colorida para melhor aceitação do mercado.
 
A direção de arte cria um universo próprio, dividido em núcleos bipolares, sobretudo em cores que delimitam o espaço noivo-noiva, separando tudo em azuis (noivo, Phillip, EUA, racionalidade) e vermelhos (Iza, Dinamarca, Intuição), a Itália e tudo o que a cerca (funcionando como espécie de ponto neutro) ficará como o núcleo amarelo. 
 
E nesta paleta cromática toda a decoração e figurino gira para conformar uma lógica visual, direta, mas funcional e esteticamente bonita.
 
Serviço
Amor é Tudo o que Você Precisa (Den skaldede frisør, Dinamarca/ Suécia/ Itália/ França/ Alemanha, 2012, 116 minutos, 12 anos) 
 
Cinemark - Shopping Vitória: Sala 8. 12h e 14h50.

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