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Entidades circenses se organizam para enfrentar pandemia

Espírito Santo participa de articulação nacional que pede condições especiais para famílias que vivem de forma itinerante

Setor fortemente afetado pela pandemia do novo coronavírus devido à proibição de suas atividades, os circos e seus trabalhadores enfrentam um momento delicado, mas estão se organizando nacionalmente por meio da Aliança Nacional de Entidades e de Artistas Circenses do Brasil.

Diante da aprovação da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, sancionada na noite desta segunda-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o setor se organiza com o objetivo de que os gestores públicos considerem as especificidades dos estabelecimentos e profissionais do circo, para que os auxílios previstos de forma emergencial possam chegar até eles.

Uma grande webconferência nacional aconteceu no dia seis de junho, gerando uma carta direcionada ao presidente da República, governadores, prefeitos e gestores culturais públicos, reivindicando as demandas do setor. Depois disso, vêm sendo realizadas atividades a nível estadual. Na última sexta-feira (26), foi a vez da conferência do Espírito Santo, que possui 22 agrupamentos circenses espalhados em diversos municípios, além de mais de 150 artistas circenses que não vivem nos circos como as tradicionais famílias circenses.

“No Espírito Santo, são circos de porte pequenos. Ainda se torna mais difícil a vida pra eles”, explica Verônica Gomes, do Centro de Apoio e Memória ao Circo do Estado. Segundo ela, uma das dificuldades é com as exigências para acessar editais estaduais de cultura. “O governo precisa entender que tem que mudar os critérios exigidos por estes editais. Não dá pra ficar padronizado. Não dá, por exemplo, para o governo exigir endereço domiciliar para o circense”, reclama, devido ao caráter itinerante desses projetos.

Por não ter residência fixa, as famílias circenses também têm dificuldade de ter acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que se torna ainda mais problemático em tempos de pandemia. Verônica aponta a necessidade de uma legislação nacional para os artistas de circo que possa ajudar a solucionar este e outros problemas que afetam a classe.

No mesmo sentido é que vem a preocupação com a distribuição dos recursos da Lei Aldir Blanc, já que mesmo estando incluídos como contemplados, alguns podem ter dificuldade no acesso aos recursos. Sendo assim, o movimento circense vem tentando alcançar e mobilizar os mais de mil circos e 30 mil artistas e técnicos do setor, para que tenham conhecimento da lei e se organizem para tentar acessar os recursos a que têm direito neste momento de crise.

Verônica Gomes pede um olhar especial para os circos. “Os critérios para eles não devem ser os mesmos que artistas de outras categorias. Muitos circenses nem sequer têm internet”, aponta. “Não dá pra ouvir do órgão que os critérios não têm como mudar. Acreditamos que existem saídas, as procuradorias jurídicas terão que ter esta saída”.

No Estado, até o momento, os artistas de circo vem recebendo cestas básicas e kits de higienização por meio do programa ES Solidário, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Secretaria Estadual de Direitos Humanos (Sedh).

Para conseguir comprar remédios e alimentação complementar, Verônica conta que há artistas realizando atividades diversas como a colheita de café e abacate no interior, fazendo frete, e até vendendo maçã do amor nos sinais de trânsito. “É assim que está sendo a vida do artista circense nesta pandemia do coronavírus”, lamenta Verônica Gomes.

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