Sexta, 10 Mai 2024

Dupla de artistas urbanos deixa mensagens pela cidade

Dupla de artistas urbanos deixa mensagens pela cidade
Um derrame é uma doença mortal, mas para uma dupla de artistas é um imperativo para se derramar em tintas e transbordar a cidade. Os artistas urbanos tem deixado a sua marca pela cidade com desenhos singelos e mensagens poéticas. A intervenção urbana é algo que vem crescendo cada vez mais na Grande Vitória, com dezenas de artistas se manifestando por meio de traços e tintas pela cidade. 
 
O Derrame surgiu de muitas conversas que os dois estudantes de artes da Ufes tinham sobre a arte contemporânea, políticas públicas  e as formas de se sentir a cidade. Dessas conversas nasceu a vontade de agir. “Derramar-se aos poucos e aos muitos por todas as vias e jeitos em todas as ruas dessa cidade. É só isso que sabemos fazer”, explica um dos artistas que não quis se identificar.
 
 
Os dois sempre tiveram contato com a rua, enquanto o primeiro nasceu e cresceu no morro São Benedito, o segundo trabalhava como feirante em Aribiri. As ferramentas de trabalho da dupla são as mais variadas possíveis: estêncil, colagem, spray, tinta, pincel, objetos.
 
O que muitos chamam de vandalismo é também uma forma de questionar os espaços públicos e ressignificar locais já degradados, tudo isso de forma independente. A dupla conta um episódio de quando estavam procurando um lugar para pintar um estêncil de uma baleia jubarte e não achavam lugar nenhum que o desenho se encaixasse. “Até que passamos pela Segunda Ponte e vimos ali um local que já era Derramado pela sociedade: em baixo da ponte. Lugar que é visto com muito preconceito e ódio, lugar que moram alguns usuários de droga, pessoas muita vezes esquecidas”, contam.
 
Para a surpresa dos dois, o desenho foi bem recebido pelas pessoas que estavam ocupando aquele lugar, que admiraram o trabalho e prometeram ajudar a conservar. Quando eles foram embora, ainda houve um pedido para que voltassem. “Acreditamos que arte urbana é arte que está na rua, democratizando o acesso a quem não tem'', defende. 
 
 
A arte urbana acaba dando uma nova vida a paisagens já esquecidas pelo olhar disperso dos transeuntes. Mesmo assim é uma prática proibida pelo poder público. “Essa mesma arte está em disputa constante com os meios de publicidade privada e nos perguntamos: Quem tem o direito de intervir na cidade?”, questionam.
 
Para os artistas, falar sobre grafite ou colagens não se resume ao conceito de ser ou não ser arte, esse tipo de expressão se faz necessária para que a cidade seja vista como espaço público. A pixação transborda no muro e é uma forma de comunicação, um recado para prestarmos mais atenção ao nosso redor. 

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