Domingo, 05 Mai 2024

Vida e luta de Chico Prego é encenada na Fafi

Vida e luta de Chico Prego é encenada na Fafi

 

Chico Prego é um dos personagens mais conhecidos da história do Espírito Santo. Protagonista da Insurreição de Queimado (1849), ele liderou um grupo de negros escravos revoltados com uma promessa de liberdade não cumprida. A saga do escravo, que se tornou exemplo para os negros que almejavam a liberdade, vai ser levada para os palcos no espetáculo Chico Prego.
 
“Sua história é conhecida de muita gente, mas o que a maioria não sabe é que Chico Prego foi tão importante para a luta negra quanto Zumbi dos Palmares”, afirma Nysio Chrysóstomo, diretor da peça. O espetáculo foi contemplado pelo prêmio Residência de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em 2012 e terá apresentações gratuitas na sexta-feira (22), sábado (23) e domingo (24), no teatro da Fafi, sempre as 20h. 
 
O roteiro mescla ficção com realidade, tendo como foco a jornada de Chico Prego, desde o navio negreiro, suas passagens pelo Rio de Janeiro e pela Bahia até chegar ao Espírito Santo. “O motim liderado por Prego deu início a uma violenta luta pela liberdade, que deixou muitos mortos, mas também foi começo dos primeiros Quilombos do Espírito Santo”, conta o diretor.
 

    
 
Outro personagem negro histórico foi Elisiário, mentor intelectual de Chico Prego, que também vai ganhar destaque na história do escravo rebelde. Depois da revolta, ele foi preso, mas misteriosamente fugiu da cadeia de Vitória. Algumas pesquisas dizem que Elisiário e um grupo de negros fugitivos seguiram para uma região após o Morro do Mochuara, em Cariacica, formando o povoado denominado de Piranema. 
 
“A peça foi construída com linguagens musicais características da matriz africana como o congo, o jongo e a capoeira, além de outras expressões e tradições populares da região”, explica Nysio. Chico Prego é resultado da reunião de cantores, dançarinos, músicos e diversos artistas que contribuem à sua maneira para a representação. “Cada cena é como um ritual”, completa. 
 
O primeiro roteiro de Chico Prego foi escrito por Nysio em 2006 para a Companhia de Teatro Makuamba, que trabalha com peças baseadas em tradições culturais. Na época o texto foi encenado pelo grupo com poucos recursos.
 
Para chegar ao texto final, que ganhou o edital, foi preciso muita leitura e pesquisa sobre o período da escravidão capixaba. Além disso, todos os artistas envolvidos participarão dessa criação, “o grupo ressignificou cada palavra e juntos criamos uma linguagem própria”, conta.
 
Nysio é professor de história da arte na Fafi e selecionou alguns de seus alunos para participarem do espetáculo para terem sua primeira experiência com o palco e com a plateia. Também foram convidados atores, que o dramaturgo julgou necessário. 
 
“No total reuni dez pessoas, sendo que 80% do elenco é negro e todos interpretam seus personagens com muita competência”, diz o professor.
 
A configuração do espetáculo também foi um momento de intercâmbio. O diretor convidado foi o mineiro Sidnei Cruz, responsável pela criação do Palco Giratório do Sesc. A direção de coreografia ficou a cargo de Gilberto Mendes, professor de Dança da Fafi e coreógrafo Grupo Negra-Ô. 
 
“Mas, quem conduz mesmo o espetáculo é na verdade a energia que emana das cenas, que apesar de sofridas são representadas com muita dança e canto”, revela Nysio.  
 
Serviço
O espetáculo Chico Prego será apresentado nesta sexta-feira (22), sábado (23) e domingo (24), sempre às 20h, na Fafi. Av. Jerônimo Monteiro, 656, Centro, Vitória. Entrada gratuita.

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