Segunda, 29 Abril 2024

Central Única das Favelas abre três pontos de doações para Yanomamis no ES

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Divulgação/Condisi-YY

A Central Única das Favelas (Cufa) está com três áreas, na Grande Vitória, para recebimento de doações de alimentos não perecíveis a serem levados para os indígenas Yanomamis, na divisa entre os estados de Roraima e Amazonas, como forma de apoia-los na grave crise humanitária que atravessam e que foi constatada pelo presidente Lula (PT) e sua comitiva de ministros na última semana, quando foi declarada situação de emergência em saúde, por conta dos milhares de casos de desnutrição e doenças evitáveis, negligenciadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ação faz parte da campanha nacional Favelas com Ianomamis, conduzida em parceria com a Frente Nacional Antirracista. Por meio dela, outras Cufas estão arrecadando alimentos em seus estados e também doações em dinheiro via Pix e vakinha eletrônica (veja dados abaixo).

No Estado, os pontos ficam na sede da Cufa/ES, na Serra (Rua Flamingo, 19, Novo Horizonte); em Vitória (Rodovia Serafim Derenze, 1735, Inhanguetá, em frente ao Campo de Inhanguetá) e em Vila Velha (Praça Domingo Mendes, São Torquato, na Farmácia Nossa Senhora das Graças).

A princípio as doações podem ser feitas até o final de fevereiro, quando serão transportadas para a Terra Indígena Yanomami por meio de parceria com a transportadora Favela LLog.

Presidente da Cufa/ES, Gabriel Nadipeh conta que a entidade já realizou diversos outros trabalhos com com povos indígenas de todo o país, inclusive com os Yanomami, por meio da Cufa/RR. Por conta da situação drástica atual, foi feito uma reunião de esforços para melhor atender os irmãos amazônicos.

"O presidente nacional da Cufa e lideranças estaduais fizeram uma comissão e foram para Roraima para identificar formas de melhor ajudar. Vimos que precisam de alimentos e de serviços de saúde, pois têm muita dificuldade de se locomover até a cidade para tratamentos".

Nesse sentido, as doações em dinheiro visam construir duas estruturas de atendimento médico dentro da TI. A meta da vakinha é de R$ 3 milhões. "A Cufa se comprometeu a construir esses dois polos de saúde", reforça.

Obras previstas para março

Uma comissão da campanha visitou a TI na última terça-feira (24), tendo se reunido com autoridades municipais, na pessoa do prefeito Arthur Henrique, estaduais na pessoa do governador Antonio Denarium e federal, com toda equipe da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Integraram a comissão o fundador da Frente Nacional Antirracista e CEO da Favela Holding, Celso Athayde; o presidente nacional da Cufa Preto Zezé; a copresidenta da Cufa Kalyne Lima; e o diretor nacional da logística Marcio Lima.

"A motivação da campanha foi o diagnóstico que além da fome, outro grande problema enfrentado pela região é a falta de acesso à saúde, já que esses povos se encontram a mais de uma hora de avião da capital Boa Vista", explicam as entidades.

Um dos dois polos de saúde já tem local definido, que é a região de Surucucu, que concentra muitos indígenas da TI. O outro ainda será identificado. A previsão é de que a pedra fundamental das obras seja lançada no dia 1º de março.

"A CUFA já trabalha em Roraima, já fazemos ações na região há 10 anos. E temos por prática apoiar as CUFAs nos seus respectivos estados, cidades e favelas onde existe uma demanda muito grande e onde não têm braços suficientes para poder atender. Não viemos aqui para sermos heróis. Mas vamos ativar e fortalecer mais ainda a nossa rede local e descobrimos este grande problema de saúde que pretendemos ajudar a solucionar, junto das autoridades competentes", explicou Celso Athayde. "Vamos ativar a nossa rede de parceiros, que foi tão importante na pandemia e em outros momentos, para cumprir essa nobre missão", concluiu.

Água e combustível

As entidades se comprometem, por meio da campanha com três ações. A primeira, é o fortalecimento das ações da Cufa Roraima, já que além das favelas que já recebem apoio desde antes da pandemia, existe a situação dos imigrantes venezuelanos que já somam mais de 115 mil pessoas no estado de Roraima.

Em segundo lugar, a construção e reforma de dois polos de saúde, por meio da arrecadação de recursos que estará aberta de 27 de janeiro a 27 de fevereiro.

O terceiro compromisso é que, independentemente da performance da campanha, a Cufa e a FN se comprometem a honrar as obras da construção dos dois polos, caso a campanha não tenha atingido sua meta integral de R$ 3 milhões.

Além da questão de saúde, a comitiva que está em Roraima percebeu outros problemas, como dificuldade de acesso a água tratada, necessidade redes de mosqueteiros, falta de equipamento médico hospitalar, falta de medicamentos, como dipirona e paracetamol, necessidade de 100 recipientes (tambores de 50 litros) para envio de combustível para os helicópteros abastecerem e operacionalizar o envio de alimentos.

"Além desse projeto que estamos lançando, muitos outros podem acontecer. A demanda dessa gente é muito grande. Nossos parceiros da ONG Água Camelo, por exemplo, estão levando 50 kits de tratamento de água para os Yanomamis", disse Preto Zezé, presidente da Cufa. "O acesso à água tratada e potável funciona como um tratamento preventivo, evitando maiores problemas de saúde no futuro", concluiu.

Genocídio

Desde a deflagração do estado de emergência, a negligência do governo Bolsonaro tem sido confirmada por meio de centenas de pedidos de ajuda feitos pelos próprios indígenas e denúncias feitas pelo Ministério Público Federal, todas ignoradas pelo ex-presidente e seus ministros. As facilidades oferecidas a garimpeiros ilegais também aprofundaram a crise, por meio da poluição das águas e da violência contra mulheres e crianças.

Como colaborar:

Doações em Pix:

Vakinha: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/favelas-com-yanomamis

Site: https://favelascomyanomami.com.br/


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