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MST capixaba faz campanha para reestruturar Centro de Formação

Reforma da estrutura física e implantação de centro de agroecologia são metas para o Ceforma, em São Mateus

Divulgação/MST

Desde o início de sua atuação, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem os processos de educação e formação como primordiais. Dois anos após sua primeira ocupação de terra no Espírito Santo, o movimento criava o Centro Integrado de Desenvolvimento dos Assentados e Pequenos Agricultores do Estado do Espírito Santo (Cidap-ES), localizado no Km 44 da Rodovia São Mateus – Nova Venécia, numa área de 10 hectares doada pelo Assentamento Juerana.

Em 2006, o local ganhou novo formato e significado diante da expansão do movimento nos anos anteriores, que apontou para a necessidade de construir uma escola estadual de formação técnica e de lideranças, que no dia 25 de março daquele ano de se tornou o Centro de Formação Maria Olinda (Ceforma), homenageando em seu nome uma professora falecida em acidente de carro quando voltava de uma atividade no local.

Agora, em 2020, o Ceforma precisa de uma reforma para adequar sua estrutura e permitir um novo avanço nos processos de formação, cujo plano tem sido reestruturado baseado na campanha permanente de trabalho de base e formação do movimento, segundo explica Ademilson Pereira Souza, professor de Geografia e assentado em São Mateus, que integra a coordenação política da campanha de reestruturação do Ceforma.

Um dos principais pontos para o novo momento é a retomada da área produtiva para servir a estudos pedagógicos da agroecologia e produção de alimentos saudáveis, no que está sendo chamado de Unidade Demonstrativa de Agroecologia, para produção agrícola e criação de pequenos animais. A estrutura física do Ceforma conta com dormitórios para estudantes e assessorias, refeitório, cozinha, salão de reuniões, sala de secretaria, biblioteca e espaço de telecentro, que foram se deteriorando com o tempo e precisam ser “revitalizadas”, no entendimento do MST.

“Para isso estamos lançando uma campanha de reestruturação física do Ceforma. Em tempos difíceis, é que precisamos nos colocar de pé, arregaçar as mangas e nos colocar a serviço da continuidade do processo de formação e elevação do nível de consciência da classe trabalhadora, assim buscando em nossa base assentada, junto a militância, parceiros, amigos, educadores e demais profissionais, sindicatos, e todos as organizações que conhecem e fizeram parte ou irão fazer parte desta história a se somar novamente com o MST nessa importantíssima empreitada”, afirma o assentado.

A campanha é financeira e de trabalho, com cada um doando o que pode para contribuir. Em termos de arrecadação estão sendo feitas rifas, campanha financiamento coletivo online e doações diretas para a conta do Cerforma ou por meio do aplicativo PicPay (@ceforma.mst.es)

Além dos recursos financeiros, também estão sedo organizadas as Brigadas de Trabalho, nas quais os assentados se distribuem de acordo com as necessidades e conhecimentos para trabalhos de pedreiros, carpinteiros, eletricistas, hidráulicos, cozinheiros, tudo coordenado por um profissional da construção e pela direção estadual do movimento. “Tem sido essencial a contribuição das próprias famílias assentadas. Já é uma iniciativa permanente, na qual elas contribuem com um pequeno percentual de sua produção anualmente”, explica Ademilson sobre a forma de sustentação do espaço, que desde os tempos de Cidap-ES já contava com apoio financeiro e de trabalho voluntário dos integrantes do movimento.

No local já foram realizadas diversa reuniões organizativas do MST e movimentos parceiros, encontro dos assentados, festas da Reforma Agrária, encontros estaduais e regionais, cursos de formação, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e também curso de nível médio com habilitação para o magistério em convênio com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), cursos técnicos em Saúde Ambiental e em Agropecuária com habilitação em Agroecologia e curso superior de Licenciatura Plena em Pedagogia da Terra, que formou duas turmas com mais de 100 educadores do campo.

A preocupação permanente com a formação de quadros desde a base até as lideranças é um dos fatores que fez com que o MST se tornasse uma dos maiores e mais importantes movimentos camponeses do planeta, com destacada atuação na construção de articulações como a Via Campesina, que reúne camponeses de diversos países do mundo. “No Espírito Santo construímos ao longo da história do MST muitos espaços de formação, inicialmente nos trabalhos de base e, posteriormente, nos acampamentos, assentamentos, nossas escolas de ensino fundamental e em parceiras com outras instituições como universidades, escolas famílias, institutos federais e vários outros”, conta Ademilson Souza Pereira.

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